Aos intelectuais

O Brasil precisa de intelectuais. Mas não dos “falsos intelectuais”. Tal como alguns países da Europa e dos Estados Unidos, nosso país necessita com urgência de intelectuais que não vislumbrem o futuro como um imenso tapete vermelho pelo qual eles desfilarão enquanto a plebe atira rosas.

 

A busca pelo conhecimento não pode de maneira alguma objetivar os tapinhas nas costas e olhares de inveja branca e admiração. Ou melhor, até podem, mas isso não deve (não deveria) estar acima da essência mais pura do que é o conhecimento. Conhecimento, como se sabe, é poder. E de que ele adiantará se nós, enquanto humanidade efêmera, não compartilhamos tal conhecimento na tentativa de deixar um mundo mais digno?

No Brasil parece haver um abismo entre os intelectuais e os ignorantes. E ser ignorante não é um termo pejorativo. Mesmo os intelectuais são ignorantes em diversos assuntos, até aqueles que eles julgam dominar. A intelectualidade desassociada da humildade está muito distante da sabedoria.

“Conheça-te a ti mesmo”, disse o sábio e humilde Sócrates. O que ele quis dizer com uma frase tão curta, tão rica? Simples de entender, complexo de ser. Se você for incapaz de olhar para seus próprios defeitos e virtudes, será o mais ignorante dos homens.

Se fossemos imortais, daí sim poderíamos rever todos os nossos conceitos. Na condição de imortais, ter conhecimento seria questão de tempo. Viveríamos na eternidade enquanto carne e osso, e quem sabe, perplexos, concluiríamos que nem assim podemos saber de tudo. Sentiríamos que a maior grandeza da inteligência é respeitar o próximo. Ensinar, porque alguém lhe ensinou.

Perguntem a um europeu se por acaso em seu país a educação é paga. Perguntem a um japonês qual a importância da educação para uma criança em seu país.

Um intelectual arrogante que faz questão de andar apenas com “os de sua espécie” e vira as costas para os “não iluminados”, pode muito bem degustar alfafa enquanto devora seus milhões de livros. O Brasil está cheio desses intelectuais, já que por enquanto, educação por aqui é luxo.

O Brasil suplica, com urgência urgentíssima, que seus sábios desçam dos Alpes e tragam seus cérebros para junto das massas. Mesmo porque, meus caros, um intelectual que não é lá muito inteligente pode muito bem...Sei lá... Acabar apresentando o Big Brother.

Mas deixe estar, cala-te boca.

 

 

Diego Gianni

 
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