Dei-me conta de que até hoje nunca escrevi num dos meus contos uma cena de sexo, o que é estranho, porque é uma coisa que eu gosto muito.
Escrever.
Portanto, aviso aos navegantes: considerando que a próxima parte deste texto será sobre sexo explícito, leia com atenção o seguinte aviso:
Sim, eu sou maior de 18 anos.
Não, eu não sou maior de 18 anos.
(...)
Olá!
Se você está lendo esta frase, é porque é maior de dezoito anos! Seja muito bem vindo!
A seguir, a introdução da cena de sexo explícito para os leitores compenetrados:
Som de saxofone.
Por alguma razão que sinceramente desconheço, toda cena de sexo tem como música ambiente o som de um saxofone.
Particularmente, acho que o som de um tambor combinaria muito mais. Mas tudo bem, vamos dançar conforme a música.
Um homem.Uma mulher.
Um casal comum.
Ele está vestindo uma roupa de pirata com um chapéu de cowboy, ela uma roupa de couro que deixa parte da periquita a mostra.
Eles começam a se acariciar com volúpia. Muita volúpia.
Ela olha nos olhos dele e percebe que ele está cheio de desejo. Percebe também que o volume da calça dele aumentou consideravelmente.
Ele olha nos olhos dela e percebe algo que até então não tinha percebido. Ela é vesga.
Mas isso não importa, porque ele não pretende olhar nos olhos dela. Bom, depende da posição.
Com um misto de carinho e fúria, ele arranca o sutiã dela e vê algo curioso no meio dos seios:
O umbigo.
Ela sussurra:
- Beije-me como nunca me beijou antes!
O idiota beija o olho dela. Ela estranha, mas não diz nada.
Os dois estão suando. Suando muito. Ela lembra que deixou o aquecedor ligado, vai lá e desliga.
Melhorou.
Ele lambe todas as partes do corpo dela, como se ela fosse um delicioso picolé, só que sem o palitinho na bunda. Questão de tempo.
Ela tem uma tatuagem nas costas onde se lê: “entrada pelos fundos”. Ele entende o sinal.
Ele a afaga de todas as maneiras, está nervoso, desajeitado, o som do maldito saxofone que vem “não se sabe de onde” o desconcentra.
Ela geme e diz sensualmente:
- Me faz feliz!
O babaca conta uma piada pra ela:
- O judeu entrou no bar e...
Ela cala a boca dele com um beijo, desejando o coito mais do que tudo.
Ele abre o zíper e revela para ela sua “banana flambada”.
Ela se frustra. É banana nanica.
Tudo bem, pensa ela. O essencial é invisível aos olhos. Bolas pra frente!
Ele nota a decepção dela e sugere, tímido:
- Apaga a luz.
O quarto está escuro e eles recomeçam.
Afaga daqui, afaga dali, ele se anima e finalmente coloca seu pequeno negócio na grande empresa dela.
Ela chama por ele:
- Cadê você?
- Como assim?!
- Você está transando com o sofá. Eu estou aqui.
Ele tateia no escuro e apalpa o corpo dela. Agora sim. Eles transpiram, se excitam, ouve-se um gemido:
- Unhééééééééé!
Ela resmunga:
- O bebê acordou.
Ela acende a luz, vai ao quarto ao lado e canta canções de ninar para o bebê. Volta uma hora depois. Ele está dormindo.
- Amor...amor, acorda...
Acabou-se o que nem era tão doce.
Ela acende o abajur e, enquanto ele ronca, ela folheia uma destas revistas femininas com dicas modernas para casais:
“Cem maneiras de alcançar o orgasmo”.
Ela pensa com tristeza: “se eu ao menos pudesse experimentar uma que fosse”...
Suspira resignada, apaga a luz e dorme.
Profundamente.
Diego Gianni