Você já ouviu falar em Cohousing?
O Acontece Curitiba conversou com a primeira arquiteta que apresentou estudo sobre a arquitetura para a terceira idade
Lilian Avivia Lubochinski
Co-Lares (Cohousing) é quando pessoas se unem para formar um grupo que deseja morar perto, em suas próprias casas e compartilhar espaços comuns com várias atividades que elas mesmas decidem.
O ideal deste projeto é construir ligações de convivência sem tirar a autonomia das pessoas.
O Fundo de População das Nações Unidas e HelpAge, mostram que no mundo uma em cada 9 pessoas tem 60 anos de idade ou mais, e estima-se o crescimento dessa proporção para uma em cada 5 pessoas por volta de 2050. Além disso, estudos apontam que na década de 1960 a expectativa de vida no Brasil era de 50 anos em média, e hoje saltou para 74.
De acordo com o Estatuto (Lei 10.741/2003) é considerado idoso aquela pessoa com 60 anos ou mais.
O estudo comprova não só a mudança dos hábitos das pessoas como também a necessidade de novas ideias para se ter uma vida de qualidade e independente.
Conversamos com a arquiteta Lilian Avivia Lubochinski, sobre o projeto CO - Lares Brasil. Confira abaixo.
AC - Quando você teve contato com a chamada arquitetura para a terceira idade?
Estava no meu último da faculdade de arquitetura em Israel – este foi o assunto do meu TGI em 1975. Retomei o assunto ao voltar a viver no Brasil. Em 1988 fui a primeira arquiteta a falar sobre este assunto em nosso país, quando apresentei o tema livre “arquitetura para a terceira idade” no 80 congresso nacional da SBGG (sociedade de geriatria e gerontologia)
AC - Considerando que nesta época não se falava em longevidade tanto quanto se fala hoje, como empreendeu a sua ideia até agora?
No ano de 2008 eu mesma completei meus 60 anos. Depois de um tempo comecei a pensar no modo em que eu gostaria de viver no tempo adiante. Retomei o assunto quando uma querida mestra gerontóloga, a Tomiko Born me convidou a retomar o assunto. Desde então, tenho semeado a proposta de recuperar a dimensão de comunidade para as nossas vidas e da construção de conjuntos de moradia onde amigas e amigos estão fisicamente próximos uns dos outros.
AC - O CO – Lares vem da vivência em Israel ou você teve outras referências?
A Co-Lares tem uma base na minha vivencia pessoal em um kibutz em Israel, sem duvida. Mas também nasce, na Dinamarca depois que o arquiteto Jan Gudmand Hoyer (1936–2017) passa um período em um kibutz!! Cohousing nasce no início da década dos anos 70 do sec passado e é uma solução madura e experimentada na Escandinávia e a partir de 1988 nos EUA e hemisfério norte em geral. Minhas referencias são fruto de minhas pesquisas sobre arranjos espaciais propiciadores de uma vida melhor.
AC - O que este ambiente proporciona as pessoas?
São várias as conquistas. Primeiro, acabamos com a solidão sem perder a nossa privacidade. A individualidade de cada pessoa é celebrada como um enriquecimento da vida social. E esta proximidade física entre pessoas que tem vínculos e relações, propicia um tempo de autonomia entrelaçada com cuidados entre pessoas amigas. Seja qual for o período da vida humana onde há uma fragilidade inerente: infância ou velhice. Pois os co-lares podem ser multigeracionais!
AC - Existem iniciativas como esta aqui em Curitiba? Há um interesse seu em aplicar a ideia por aqui?
Ainda não existe Co-Lares no Brasil. Tenho interesse em despertar a iniciativa nas pessoas que planejam viver uma vida com muito mais qualidades, inclusive economicamente mais eficiente pois o campo das soluções colaborativas tem esta inteligência.
AC - Em quanto tempo se realiza um CO – Lares?
O tempo mínimo é de 3 anos – um ano para a formação do grupo, para a constituição dos laços de afinidade e confiança, para começar a praticar CNV (cominicação não violenta) e construir um contrato intergrupal. No ano seguinte, após a compra de um imóvel, inicia-se um projeto arquitetônico participativo e a partir dai o processo é o de construção do conjunto. Que pode ser, uma reforma de alguma estrutura antiga, pode ser num edifício, enfim são várias as soluções possíveis para se alcançar estas mesmas qualidades.
AC - Qual seria o seu maior desafio ao realizar um CO – Lares?
Deve ser um grande desafio unir pessoas com o mesmo objetivo, mas que ao mesmo tempo são diferentes, com uma educação e vivência diferenciada.
O desafio, de fato e a formação do grupo. Assim e pois as pessoas de modo geral estão temerosas da aproximação. Ao mesmo tempo que há um grande numero de pessoas que entendem intuitivamente o quanto suas vidas podem ser muito mais felizes em comunidade, ainda resta o ranço da desconfiança, a grande responsável pela solidão, a grande responsável pela depressão, demência e por ai vai.
A comunidade que queremos formar tem um diferencial importante e que faz toda diferença do mundo: co-lares e uma organização social não hierárquica (ninguém e mais importante que outros) e é celebradora da diversidade humana. Isto significa que aprendemos a não julgar e a celebrar a riqueza de talentos e pontos de vista que resultam desta percepção.
AC - Em outubro você estará em Curitiba para passar uma introdução desta proposta. Pode nos contar o que preparou para passar aos Curitibanos?
Venho semear e assim mostrar como é perfeitamente possível alcançar este sonho. É um convite para pessoas formarem grupos semente, de duas a três pessoas e a partir daí, formularem um convite apontando um lugar e agregando outras pessoas interessadas. A partir deste ponto nós, da Co-Lares Brasil podemos oferecer nosso apoio profissional que passa pela facilitação do grupo e inclui todo o processo de projeto arquitetônico e implantação do conjunto.
AC - Você traçou alguma meta para o aumento de CO - Lares no país?
Não tracei nenhuma meta, mas estou segura que logo teremos muitos grupos brotando no pais afora. Já noto esta tendência se firmando.
AC - Qual é a sua convicção sobre o futuro da empatia social no país?
Nós precisamos desta empatia se quisermos viver uma vida de abundância, de justiça e assim de paz.
AC - Deixe o seu convite para que as pessoas conheçam o CO – Lares Brasil.
No dia 7 de outubro, próximo sábado estaremos nos reunindo entre as 14 h e as 18h na Ace Working, localizada na Almirante Tamandaré 500.
Inscriçoes pelo site da Eventbrite – procurem pelo evento Introduçao ao Cohousing em Curitiba. Ou pelo email Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
Serviço:
Introdução ao Cohousing em Curitiba
sáb 7 de outubro de 2017
14:00 – 18:00 Horário
Ace Coworking
Almirante Tamandaré, 500 - Alto da Rua XV