Fomos conferir "O abutre"

  • Vale a pena antes de comentar o filme decifrar o que significa a palavra “abutre”: ela pode ser referenciada como uma ave falconídea que se alimenta de animais mortos; pode ser também aquela pessoa agorenta que deseja o mal de alguém para receber algum bem, alguma vantagem; ou ainda aquela pessoa que se apropria, explora, que já empresta pensando na cobrança acompanhada de um belo juro exorbitante.
  • Pois bem, o filme “O Abutre” retrata esta pessoa acima descrita. Jake Gyllenhaal interpreta um ladrãozinho chamado Lou Bloom que na verdade descortina uma personalidade audaciosa para demonstrar até onde o desejo de uma pessoa dissimulada pode ir. Com a direção de Dan Gilroy a trama conta a presença de Rene Russo, Bill Paxton e Kevin Rahm.
  • O drama conta a história de Lou Bloom um jovem que decide entrar no universo do jornalismo policial. Ele descobre que neste mundo existe um meio de ganhar dinheiro: capturando imagens de crimes chocantes que acontecem nos subúrbios de Los Angeles e vendendo a emissoras que reportam notícias sensacionalistas. Esta prática manifesta a Lou a sua personalidade grotesca e manipuladora de conseguir os seus objetivos a qualquer custo.
  • Este “a qualquer custo” é ir até as últimas consequências em busca do objetivo. E ao roteiro como ideia eu simplesmente bato palmas, pois é um lado que todo ser humano tem, mas que poucos têm o dom de conseguir manter-se frio, porém a maneira como foi abordada na tela perdeu-se em seu tom, na sua conectividade e trilha sonora que cansa e tira a atenção do filme.
  • A trama é longa para um roteiro com cara de bem amarrado. Apesar do diretor ser o roteirista a impressão que ele causa é que de alguma forma ele foi podado de agir, ou melhor de deixa-lo curto. Há várias cenas em que o personagem principal Lou fica sem ação, sem fala e logo após surge uma trilha sonora super alta denotando o seu suspense – que já é óbvio e não acrescenta nada. Jake poderia facilmente levar este filme nas costas, pois a sua atuação está espetacular, não é o mesmo que posso dizer do restante do elenco que parece distante e despreparado.
  • Penso que também pode ser uma proposta do próprio diretor em deixar as falas, as interpretações imperfeitas para demonstrar o lado louco e insano que o ambiente obscuro dos crimes bárbaros aos quais Lou capturava e estava inserido de maneira a consumi-lo por inteiro. Os momentos em que Lou encontrava-se diante de uma barbaridade acionava-se um dispositivo em que a adrenalina era tanta que despertava o seu prazer pelo morto, o seu ego quando se deparava com o reconhecimento do público assistindo às matérias. Este ego interpretado por Jake é genial, pois o personagem demonstra ingenuidade, mas na verdade ele é um egoísta que colhe e suga do conhecimento das pessoas.   
  • O filme tem estreia no dia 18 de dezembro nos cinemas, mas não vá ao cinema com a expectativa de uma grande produção, porque ela não é, mas mesmo com seus espaços entre os diálogos e pouca sintonia entre os atores é de muita valia assistir a voluptuosa audácia de um ser confiante, na verdade um abutre.
Última atualização em Sex, 12 de Dezembro de 2014 13:46  
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