Em tempos onde alimentos são tratados como vilões e doenças crônicas atingem índices alarmantes, a educação nutricional é uma aliada na manutenção da saúde, qualidade de vida e bem-estar
Quase tudo na vida é movido por escolhas. Seja no âmbito profissional ou pessoal, o tempo todo, as pessoas elegem algo em detrimento de opções menos importantes ou relevantes para aquela situação. Com a alimentação não é diferente. Diante de uma ampla oferta de alimentos, o consumidor precisa escolher o que melhor se adequa para a sua família. E, nos dias de hoje, onde muitos alimentos são vistos como vilões e o estilo de vida interfere diretamente nos hábitos alimentares, essa tarefa se tornou um grande desafio.
As transformações econômicas, políticas, sociais e culturais provenientes da urbanização e da globalização têm impacto direto nos estilos de vida e alimentação das sociedades modernas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o aumento de obesidade e diabetes na última década em 60% e 61%, respectivamente. No Brasil, dados do VIGITEL 2016 mostram que o brasileiro está passando por um momento de transição, saindo da desnutrição e caminhando para a obesidade. Outro aspecto importante é o sedentarismo. De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, mais de 60% dos brasileiros com mais de 15 anos não praticaram qualquer atividade física em 2015.
O relatório Tendências Globais em Alimentos e Bebidas 2017, realizado pela consultoria Mintel, revela que o investimento em tempo necessário para o preparo das refeições irá se tornar tão importante quanto a escolha dos ingredientes e nutrientes, o que estimula a necessidade de soluções com alimentos nutritivos e customizáveis. Dessa maneira, ciência e tecnologia trazem contribuições práticas que resultam em produtos e serviços inovadores.
“Estamos em um novo patamar de desenvolvimento e o crescente investimento em pesquisa e inovação no Brasil é voltado para um modelo de alimentação segura, que atenda ao atual estilo de vida da população e também informe adequadamente o consumidor por meio da embalagem e da rotulagem”, declara Luis Madi, o diretor geral do ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos.
Os alimentos processados são aqueles modificados do seu estado original por meio de uma grande variedade de tipos de processamento, com finalidades distintas. “E isso inclui a produção de alimentos mais seguros, com maior controle da qualidade e conveniência para as populações urbanas, além da redução de perdas e desperdícios”, completa Madi.
Vale lembrar que cada indivíduo apresenta necessidades nutricionais distintas, que mudam de acordo com idade, prática de atividade física, condições gerais de saúde e situação metabólica, entre outros fatores. Logo, uma alimentação adequada varia de pessoa para pessoa. De acordo com a nutricionista Márcia Terra, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição – SBAN, é essencial encarar a alimentação com olhar multifatorial. “Está claro que o desenvolvimento tecnológico trouxe facilidades e oportunidades, com opções de consumo que não prejudicam a saúde. Hoje somos levados para tudo o que possa facilitar a vida cotidiana e o trabalho na cozinha. As razões que envolvem a escolha dos alimentos são inúmeras, porém, a mais relevante é baseada no entendimento, fato que contribui para uma grande mudança nos padrões alimentares da população”, explica a especialista.
Todos esses pontos viram dúvidas na cabeça do consumidor. Por isso a educação nutricional é tão importante. Quanto mais informação, melhores e mais assertivas serão as escolhas alimentares. “É importante que as pessoas entendam qual é a composição do alimento. Compreender o que está no rótulo é fundamental para acertar na escolha dos produtos, identificando, assim, o que é mais adequado para sua saúde individual e com que frequência pode consumir determinados alimentos, sem que haja prejuízo à saúde como um todo, no médio e longo prazo”, declara a nutricionista Vanderlí Marchiori, presidente da Associação Paulista de Fitoterapia (APFIT) e fundadora e membro da diretoria da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva (ABNE).
Dessa forma, a rotulagem dos alimentos é uma ferramenta essencial para que o consumidor obtenha informações de forma padronizada, clara, simples e segura, para tomar decisões alimentares personalizadas e equilibradas. “A indústria vem caminhando para atender a necessidade da população e empoderar o consumidor para que ele seja capaz de fazer suas escolhas. A informação que deve constar no produto precisa ser clara e direta, este é o caminho para a educação nutricional, em que as pessoas tenham à sua disposição dados corretos e concretos sobre o alimento que está adquirindo”, aponta Vanderlí Marchiori.
A questão nutricional ocupa hoje um lugar de destaque no contexto mundial e é evidente a importância de promover mudanças práticas que auxiliem as pessoas no dia a dia. No entanto, a construção de novas políticas voltadas ao consumidor deve ter função educativa e respeitar suas necessidades individuais. A adoção de modelos proibitivos, alarmistas e de difícil compreensão não só deixa a desejar no quesito informação, como dificulta a escolha na hora de comprar o alimento.
SOBRE A ABIA
Fundada em 1963, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) representa hoje mais de 70% do setor em valor de produção. Sua principal missão é atuar como interlocutora das empresas associadas com instituições públicas e privadas, governo e órgãos internacionais.
As atividades da Associação estão voltadas a assegurar uma legislação adequada às constantes evoluções tecnológicas do alimento processado; incentivar o uso de melhores técnicas de produção; promover o fortalecimento econômico-financeiro do setor e estimular o desenvolvimento sustentável da indústria da alimentação no Brasil, com ações focadas e alinhadas às necessidades do consumidor.