Sobre as verdades impalpáveis da vida

O teor subversivo da obra a de José Joaquim de Campos Leão, dramaturgo gaúcho do século XIX mais conhecido como Qorpo Santo, foi uma das razões que instigou Moacir Chaves, diretor de “Labirinto”, peça que faz parte da Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba, que acontece de 29 de março a 10 de abril, em Curitiba.

 

“Qorpo Santo rompeu com os limites de gênero e com o que era considerado bom comportamento sexual, através de leituras psicológicas de personagens que tornaram sua obra absolutamente subversiva”, avalia o diretor, cujo espetáculo marca o nascimento de uma nova companhia brasileira, a Alfândega 88 Cia de Teatro.

Para os atores, avalia Chaves, ‘traduzir’ um autor como Qorpo Santo também é um desafio e tanto. “Em gera l, existe o hábito da criação a partir de uma única subjetividade, sempre mais próxima do que nos é compreensível. Só que esse olhar único acaba por ignorar questões fundamentais da vida”, observa o direto para quem Qorpo Santo amplia esse leque de ‘olhares possíveis’. “Porque ele tenta trabalhar com a verdade dos seus sentimentos e da vida, portanto com o caráter impalpável da vida”, observa.

Em “Labirinto”, Chaves partiu dos textos “Hoje sou um, e Amanhã outro”, “As Relações Naturais e “A Separação de dois Esposos” e chamou atores com os quais já tinha trabalhado - entre eles quatro curitibanos: Katiuscia Canoro, Gabriel Gorosito, Adriana Seiffert e Andy Gercker. Juntos decidiram começar um trabalho continuado e assim nasceu a nova companhia teatral brasileira, cujo núcleo central é formad o por 13 profissionais. “Queremos criar um repertório e com este tipo de proposta manter as peças mais tempo em cartaz”, comenta.

Seu primeiro contato com atores curitibanos foi durante um trabalho com o Teatro de Comédia do Paraná, no espetáculo Memória. Depois dessa experiência, ele foi gradativamente convidando alguns deles para trabalhos no Rio de Janeiro. Gorosito, por exemplo, foi para o Rio especialmente para trabalhar em Labirinto.

Entre os quatros atores curitibanos o rosto mais conhecido é de Katiuscia Canoro, com quem ele trabalhou em Memória. “Essa coisa do humor que a tornou tão conhecida é um viés só, de alguém que é bom. Ela é uma atriz excepcional, trabalhou brilhantemente em Memórias, com uma performance muito fort e. Acho o trabalho dela virulento  e instigante, visceral e a flor da pele”, diz.

Sobre a montagem, comenta que traz muitas referências dos anos 60 na trilha sonora, na maquiagem e nos figurinos. “Qorpo Santo ficou esquecido por cem anos e não foi por acaso que voltou à tona na década de 1960, quando as coisas começaram a acontecer com mais liberdade. Cem anos antes ele já trabalhava aquelas questões comportamentais  que vieram à tona naquela década”, conclui.

Patrocinadores

Ao longo de sua história o Festival contou com importantes parceiros, empresas patrocinadoras e apoiadoras que enxergam na mostra curitibana um evento com força para agregar mais prestígio à sua marca. O Itaú apresenta o Festival de Teatro de Curitiba, que tem como patrocinadores Britânia, Denso, Grupo Boticário, Heineken, Petrobras, Volkswagen, Prefeitura Municipal de Curitiba e Fundação Cultural de Curitiba. A Editel é responsável pelas informações oficiais; a BWT Turismo é a agência de viagens oficial; Vivo é a operadora oficial; a Estapar é o estacionamento oficial; e o Slaviero é o hotel oficial do Festival de Teatro de Curitiba. A Lúmen FM é a rádio oficial do Fringe. A Positivo Informática oferece apoio logístico. Os apoios culturais são: Folha de SP, Sesc, Itaipu, Peixe Urbano e Go Print.

 

Os eventos associados contam com os seguintes patrocinadores: Bosch apresenta Arena Bosch; Servopa e Heineken apresentam o Risorama. A Electrolux apresenta o Gastronomix, que tem apoio também da Fundação Grupo Boticário e Rossi. Balaroti e Condor apresentam o Mish Mash e a Mili apresenta o Guritiba. Sesi apresenta o Sesi Dramaturgia e a PUC apresenta o PUC Ideias.

Sinopse

O espetáculo reúne três textos do dramaturgo José Joaquim de Campos Leão, o Qorpo-Santo: “As Relações Naturais”; “A Separação de Dois Esposos”; e “Hoje sou um e amanhã outro”. As obras mostram a impotência do ser humano diante do paradoxo de uma estrutura social que o impede de viver de forma plena e o caos reinante na ausência de regras. Em As relações naturais, a fronteira entre o certo e o errado se dilui em uma família na qual as filhas são prostitutas, a mãe é a cafetina e o pai é o cliente. Em “A Separação de Dois Esposos” o autor explora a relação de Esculápio e Farmácia, que se toleram e cumprem seus papéis sociais até que ele flagra a esposa com um amante e sai às ruas em busca de prazer sexual. “Hoje Sou Um e Amanhã Outro” revela o anseio de uma alma por fazer o bem na esfera da governança pública, a partir da percepção da falta de importância dos títulos e cargos, do orgulho e da vaidade e, ao fim e ao termo, da insignificância dos próprios indivíduos.

 

 
Copyright © 2011 Acontece Curitiba. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por LinkWell.