Introdução
Na verdade, todos nascemos marcados para a alegria. Entretanto, com o passar dos anos, recebemos instruções apuradíssimas para o sofrimento, a dor, as decepções, frustrações, desilusões.
O pior disso tudo é saber que quem determina todo este desgaste é exatamente quem mais amamos, principalmente nossa mãe, nosso pai, nossos irmãos, nossa família, nossos amigos.
Parece injusto que a Declaração Universal dos Direitos Humanos se concentre nas questões de liberdade política e social e ignore, completamente, o direito à alegria.
Será que teremos que convocar o Congresso Galáctico de Sábios para proclamar o direito inalienável à alegria? Será que teremos que criar um Sistema Judiciário específico para resolver questões pertinentes à Alegria?
A Democracia e o excesso de riqueza certamente afetaram o mundo espiritual. Buscar sabedoria tornou-se um fenômeno de massa. Os livros de autoajuda são um sucesso e os líderes religiosos e espirituais, os gurus e os “mestres”, são um fenômeno da mídia. Dezenas de milhares de pessoas gastam grandes somas para terem seus cérebros religados à iluminação (como se isso já não acontecesse). Hoje, um líder religioso, um guru, um “profeta”, ganha somas que fazem inveja ao orçamento de muitos países.
Se você pode se deliciar com os “Fast Foods”, entregas rápidas, “Deliveries” de todas as naturezas, por que não comprar sabedoria e iluminação pelo preço de um Big Mac?
Centenas de anos atrás, quando não havia tanta “democracia” e tanta oferta de riqueza e consumo, as qualificações para a alegria seguiam, mais ou menos, essas premissas:
- uma boa posição social;
- uma mentalidade espiritual e religiosa;
- conhecimento das escrituras;
- reconhecimento da sabedoria de pessoas e vidas passadas;
- compreensão entre o real e o aparente;
- atenção à graça de Deus;
- associação com pessoas de atitudes enlevada, entre outros.
Se iluminação e sabedoria é apenas uma experiência de liberdade interior, até os psicóticos e os grandes criminosos estão qualificados para a alegria. Muito do que é considerado psicótico para nós, ocidentais, é considerado experiência mística para a maioria dos orientais, e vice versa.
Pecadores regularmente enxergam a luz e se tornam santos, pregadores, profetas. Mas iluminação não é santidade.
Para se Qualificar a Alegria é preciso muito mais do que um desejo espiritual vago e, na maioria das vezes, inútil.
Para se Qualificar para a Alegria é preciso que você seja psicologicamente saudável.
Mas não se atenha ao que a psicologia e a medicina determinam como mente saudável, porque a informação científica, do momento, é bastante vaga e, na maioria dos casos, confunde até os médicos e psicólogos (se a medicina fosse, realmente, uma forma de conhecimento, médico não fumava).
A Psicologia, hoje, prefere tratar os doentes através dos medicamentos. Esse fracasso em atender as necessidades mais profundas da alma e tratar adequadamente neuroses principalmente da classe média, é que leva as pessoas a buscar a religião e a espiritualidade.
O autoconhecimento, a busca por entender quem realmente você é, não se destina a curar neuróticos.
Desta forma, a Qualificação para a Alegria funciona numa mente que conscientemente relaciona o sofrimento com uma falta de compreensão sobre a natureza dos problemas, e não com circunstâncias passadas, como as ocorridas durante a infância e adolescência. Repare como é fácil jogar a culpa das nossas tristezas e sofrimentos em alguém...
Vivemos num mundo de “empurra-empurra”, jogando culpa, normalmente, em circunstâncias e pessoas do passado e não assumindo a energia do agora, do presente.
Que importa o que aconteceu minutos atrás, dias atrás, meses ou anos atrás?
Tudo isso, agora, no presente, é pura ilusão.
Ficar preso a essa ilusão certamente não o qualificará para a alegria.
Não podemos nos esquecer de que a busca da felicidade, como um jogo, tem soma zero.
Isso mesmo! É um empate de zero a zero.
Se você quer vitória, você quer Ego, você quer fama, você quer aparecer. A verdadeira alegria não permite Ego, não permite Fama.
Mas, então, o que você precisa ter para se Qualificar à Alegria?
Vou listá-las e, pouco a pouco, vou desmembrar cada uma delas para que você possa meditar sobre suas ações perante a vida:
Ter uma mente aberta
Ter uma mente sensata
Ter uma mente sem preconceitos
Ter uma mente entusiasmada
Ter uma mente disciplinada
Ter uma mente responsável
Ter uma mente pacientemente controlada
Ter uma mente equilibrada
Ter uma mente motivada
Ter uma mente que crê
Ter uma mente devotada
Ter um temperamento destemido
Ter um professor
Ter a Graça de Deus
E aí?
Você está qualificado para a alegria?
Sem austeridade é muito difícil você se qualificar para alguma coisa...
Aguarde a Parte 2 e o alvorecer do que significa Ter uma Mente Aberta.
ॐ Muitas Emoções
Luiz Carlos Rigo Uhlik
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Veja que maravilha de poesia:
AH! OS RELÓGIOS
Mário Quintana
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...