Assertividade

 

  • Deletty (1980), discorre sobre a Assertividade e sua importância na comunicação. Você já tinha ouvido esta palavra antes? Se não, tanto melhor por que assim ela pode ser definida de um jeito que ninguém tenha dúvida quanto ao sentido dela.
  • Quando falamos em comunicação em geral, podemos dizer que assertividade é uma das características da boa transmissão de mensagens. Ele não pode adivinhar que há outra mensagem escondida. Nesse caso, o transmissor não pode se queixar por não ser compreendido pelo outro, por que quem transmitiu a mensagem falsa foi ele mesmo.
  • Por assertividade, entendemos a habilidade da pessoa expressar o que pensa e o que sente, de modo a que não se deixe lesar nos seus direitos e tenha cuidado em preservar os direitos dos outros.
  • Naturalmente, todo mundo pensa e sente um monte de coisas. No entanto, a maioria das pessoas tem dificuldade em expressar o que está sentindo. Veja um exemplo:
  • A secretária de José entra na sala dele e joga a correspondência sobre a mesa de modo brusco. José fica irritado, com razão, com os modos dela, mas como ele é passivo, ele fica quieto, como se nada tivesse acontecido.

  • Temos aí, uma falha de assertividade. Os modos da secretária incomodaram José, mas ele não soube como expressar isso. Poderíamos dar uma infinidade de exemplos de falha de assertividade. A pessoa que compra uma roupa, chega em casa e vê que está com defeito, e não tem coragem de reclamar na loja onde comprou, é um caso. Ou, a pessoa que fica na fila esperando a sua vez, vem outra pessoa e passa na frente dela para ser atendida e a primeira pessoa não reage, é outro exemplo. Ou ainda, a mulher que não consegue dizer não para o marido, ou que não consegue ser ouvida por ele, ou que nunca dá sua opinião, é outro caso. E, assim vai...
  • No entanto, não pense que é fácil ser assertivo, porque assertividade é o oposto de agressividade. Quem é agressivo está tão falho em assertividade quanto quem é passivo. E é muito mais fácil ser passivo ou agressivo do que ser assertivo. A pessoa assertiva não agride; ela simplesmente chega e diz o que está pensando sobre o ocorrido, de modo calmo e seguro. A pessoa segura não precisa agredir. Quando alguém nos magoa ou irrita, a gente sempre sente a mágoa ou irritação, embora muitas vezes, a pessoa não assertiva, tenha dificuldade de perceber, na hora, que foi magoada, ou ofendida. Uma vez percebida a mágoa ou irritação, a pessoa assertiva a expressa de um modo seguro e tranqüilo. No caso do nosso amigo José, ele deve dizer a secretária: “Teresa, por favor, não jogue a correspondência sobre a mesa, porque isso me irrita. Eu gostaria que você a colocasse nesta caixa à minha direita, sem jogá-la, sim?”.
  • Assim, José expressou exatamente o que estava sentido, e não foi agressivo, nem passivo.
  • Nessa definição de assertividade, foi dito que a assertividade precisa ser adequada. Por adequada entendemos, que a reação deve ser adaptada a situação do momento. E aí chegamos a outro ponto em termos do que assertividade não é. Assertividade não é impulsividade. A pessoa impulsiva, que diz tudo o que vem à cabeça independentemente da situação do momento é o tipo do indivíduo que cria mil problemas sociais, para si próprio e para os que estão a sua volta.
  • Imagine uma mulher que chega em casa e vê o marido todo feliz com vários  amigos, e o marido fez a maior sujeira na sala que ela tinha acabado de arrumar. Ela pode ter toda razão de expressar seu desagrado ao marido, mas se ela fizer em frente aos amigos dele, ela esta agindo de modo inadequado, porque o momento não é propício. Ela deve esperar o momento certo. Por outro lado, o modo adequado de se expressar assertividade, varia não só conforme a situação, mas conforme as pessoas. É diferente o modo como deve ser assertiva com um estranho na rua, ou com seu marido, porque o grau de intimidade influencia a expressão da assertividade.
  • Portanto, já teremos algumas regras sobre assertividade:
  • 1º - Assertividade é diferente de passividade, agressividade e impulsividade.
  • 2º - É precioso perceber a situação que requer uma reação de assertividade.
  • 3º - Como ser assertivo é saber expressar o que se sente e se pensa, a reação assertiva geralmente começa com o pronome EU. Ex.: Eu acho...., Eu penso....., Eu gostaria.... etc.
  • A falta de assertividade acarreta ainda um outro problema. Vamos chamá-lo de “panela de pressão”. Imagine o tipo de pessoa que não expressa seu desagrado quando alguém a magoa, ou irrita. Cada vez que alguém “pisa no seu calo”, ela não reage, como se a coisa não tivesse atingido. Naturalmente, a cada episódio desse, corresponde uma certa quantidade de tensão na pessoa. A tensão vai se acumulando a cada novo episódio, até que estoura. Costumamos dizer que “é o pingo que fez transbordar o cálice”, isto é, na maioria das vezes, um acontecimento não muito importante provoca uma reação emocional na pessoa, e a gente fica sem entender, porque uma coisa tão insignificante causou tal reação. E o fato é que este acontecimento é justamente aquela gota a mais. No caso da “panela de pressão”, a analogia é a mesma.A pessoa vai acumulando pressão dentro de si (ou tensão) por não expressar seu desagrado frente a situações que a incomodar, a pressão vai crescendo e um dia estoura. Assertividade é justamente aquela borracha por onde a pressão da panela deve escapar. Em vez de deixar a pressão crescer, a pessoa assertiva a mantém nível baixo, porque ao expressar seu desagrado, a tensão abaixa outra vez ao nível normal. Tanto que costumamos dizer que, para a pessoa assertiva, o contrario de amar é não gostar. Odiar refere-se a um acúmulo de emoções não expressas e a pessoa assertiva nunca deixa isso acontecer. Por que no exemplo de José, ele não precisa gritar com a secretária, ser delicado, etc., porque se ele é assertivo, ele não tem raiva acumulada. Ele simplesmente lhe comunica seu desagrado.
  • Vamos mostrar tudo isso em um exemplo: Imagine o João que é casado, ele não é assertivo. De manhã na hora do café, a mulher faz um comentário sobre o dinheiro do casal que está curto, e João se sente ofendido porque ele está “dando duro” para ganhar mais, mas ele fica quieto. Depois, às 10 horas, o chefe chama a atenção dele por uma falta que não cometeu, ele não se ofende. Logo em seguida ele encontra o colega que cometera a falta e o colega ri dele por ter sido repreendido pelo chefe. João sente-se muito irritado, mas continua quieto. Aí, vem a secretária e o trata de um modo menos delicado. João continua quieto. Na hora do almoço, ele vai para casa, e lá ele vê que seu cunhado estivera ouvindo seu disco predileto sem licença. João explode, faz a maior cena, a esposa começa a chorar e João sai de casa batendo a porta, e se sentindo o mais infeliz dos homens, porque além de não resolver suas dificuldades, João ainda arrumou uma situação difícil com a mulher e o cunhado. Agora como não teria reagido, se ele fosse assertivo. Desde a hora do café, ele teria começado a expressar seus sentimentos, e desse modo não teria acumulado tensão. Ele poderia dizer a mulher: “Olha, Alice, eu compreendo que você esteja preocupada com a parte financeira, mas acontece que estou me esforçando o máximo para resolver, e quando você me fala desse jeito, eu me sinto muito mal, e fico magoado por você não compreender meus esforços”, e durante todo o resto do período, João deveria ter expressado o que estava pensando. Assim, quando ele chegasse em casa para almoçar, ele teria resolvido, de modo satisfatório, o problema com o cunhado.
  • Quanto menos tensão acumulada por falta de assertividade, mais fácil se ter uma reação assertiva adequada. No entanto, não é só para se defender que a gente deve se assertiva. O outro aspecto da assertividade é a habilidade de expressar amor, afeição, gostar, etc. Uma outra pessoa pode saber se defender de modo adequado, e  no entanto, não ser considerada assertiva, se ela não consegue expressar emoções e pensamentos positivos de modo adequado.
  • Da mesma forma que a defensiva, a assertividade afetiva não nasce com a gente. Nós a aprendemos no nosso ambiente, na família, na escola, etc.
  • Ela se caracteriza por ser capaz de comunicar aos outros, em nosso exemplo, o marido ou a mulher, o quanto à gente gosta um do outro, que a gente está feliz, que um determinado acontecimento nos causou alegria, prazer, etc.
  • A pessoa que tem dificuldade em expressar esse tipo de sentimento e pensamento, certamente terá problemas no relacionamento social em geral e no conjugal em particular e mesmo no profissional.
  • Note bem que não estamos falando em fingir, mas simplesmente estamos enfatizando a necessidade de se expressar de um modo explícito nossos sentimentos positivos.
  • É claro que aqui também o fator adequação ao momento é importante. Não estamos propondo a expressão de tudo que vem á cabeça, no momento que vem à cabeça. Lembre-se que assertividade é diferente de impulsividade inadequada.
  • Assertividade refere-se, portanto, à expressão de sentimentos e pensamentos positivos, tais como alegria, amor, satisfação, prazer, etc; tanto quanto aqueles que julgamos “negativos” como a raiva, o medo, a mágoa e outros que a sociedade nos ensinou a esconder. Também é assertivo expressarmos os pensamentos e sentimentos “neutros” e que julgamos óbvios e tão claros que o outro deveria “adivinhar” o que está dentro de nós.
  • As relações sociais: interação entre indivíduos, grupos, influência entre pessoas, liderança e conduta, são os problemas mais intrincados que o ser humano enfrenta. E, aprender a viver consigo mesmo faz parte do aprendizado do viver em grupo, e esse aprendizado de convivência consigo tem início no próprio grupo. Esse é um dos paradoxos de pertencermos à espécie dominante. Aprender a viver conosco requer o auxílio do grupo social. (Minicucci, 1984). Pertencer a, ter uma filiação, nos faz independentes e potencialmente livres. Diz-se que as pessoas que não relacionam-se bem são aquelas que não aceitam mudanças em seu próprio comportamento. Às vezes, as relações sociais causam conflitos, em razão de posições filosóficas, econômicas, preconceituais, diferenças enfim, entre duas pessoas, entre a pessoa e seu grupo, ou entre grupos. Tais conflitos são estressores em potencial, uma vez que enquanto não resolvidos eles causam ansiedade que pode se generalizar e causar outros problemas que mesmo após resolvido o problema original pode ser mantida. Outro sentimento que costuma acompanhar os conflitos é a frustração, pois se na resolução do problema apenas um dos lados for considerado o outro fatalmente ficará frustrado e pessoas frustradas são potencialmente irritáveis, sensíveis à criação de novos problemas. (Jonhson e Wilson, 1985; Patersson e Eisenberg, 1988).
Última atualização em Ter, 05 de Agosto de 2014 09:04
 


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