Conferimos "Garota Exemplar"

  •  
  • David Fincher mesmo diretor de “O Clube da Luta” (1999), “O Quarto do Pânico” (2002) e “O Curioso Caso de Benjamin Button” (2008) lança este mês nos cinemas o suspense “Garota Exemplar”. O filme é baseado no livro homônimo da jornalista Gillian Flynn que vendeu mais de 6 milhões de cópias no mundo todo. O longa já tem muitos admiradores e é um dos cogitados a indicações dos principais prêmios do cinema no ano que vem.
  • Nickk Dunne (Ben Afleck) e Amy (Rosamund Pike) são o tipo de casal jovem que decide ter uma relação diferenciada, sem mentiras, com diálogo. Ao completarem cincos anos de casamento a escritora desaparece e deixa Nickk com a missão de resolver um quebra cabeça de como, onde e porque Amy sumiu. O desaparecimento irá levantar muitas suspeitas, inclusive de Nickk ser o responsável pelo sumiço da mulher. Até que ponto Nickk é culpado? Até que ponto Amy diz a verdade?
  • Apesar de o filme fazer jus a designação de “longa” – o filme tem duas horas e meia de duração – a história que foi roteirizada pela autora do livro homônimo da trama se torna cansativo em sua primeira hora, faz lembrar e muito outro filme de Ben Afleck, “Argo” (2012), por sua angustiante demora em mostrar os fatos, artimanha que induz o espectador a prestar atenção na história.
  • Flynn fez um roteiro minucioso, colocou tudo o que podia em cena, tenho a impressão que foi fiel ao seu livro e manteve tudo que escreveu, porém não surpreende mesmo tendo uma premissa atraente. Histórias sobre desaparecimento parecem ser óbvias: ou a pessoa aparece, não aparece, ou então era tudo invenção. Bem, lidar com estas três possibilidades não é uma tarefa fácil, Flynn apresenta estas três hipóteses no filme, estão chocados? Não? Eu também não. Querem saber por que eu não fiquei chocada? Porque elas se revelam na história quando tudo poderia ficar mais interessante.
  • Interessante seria apresentar um novo vilão, mas não acontece em a “Garota Exemplar”, que, aliás, tem uma péssima tradução ao português. Este nome revela muito do que o filme é, por que não deixar “Garota Desaparecida” que é o seu nome original? O fascínio pela desgraça, o efeito dominó com um mesmo discurso da mídia é abordado divinamente, infelizmente os colegas de comunicação tendem a levarem-se pelo calor das emoções, poucos são sábios e calmos. Esta crítica à comunicação e ao sensacionalismo foi muito bem explorada, o vilão de hoje vira o herói de amanhã.
  • A história é narrada por Amy e relatada por Nickk, duas histórias as quais o espectador tem de se ater aos detalhes para entender do que realmente se trata a trama. As duas perspectivas ajudam a manter o interesse, o suspense aumenta, a ansiedade também, porém nada vem de interessante. A atriz Rosamund Pike é que se torna interessante, ela com certeza será a grande revelação do longa, a cara de dissimulada lhe cai bem.
  • Ben Afleck também vai muito bem, o personagem não precisa de muito. No início do filme a sua atuação foi muito coesa, a interpretação do principal suspeito foi muito boa, ao longo do filme Ben foi o Ben de sempre. As cenas de humor dividas com Tyler Perry, um advogado especialista em casos de desaparecimentos, rende boas risadas dando um tempero a mais a trama.
  • O papel de uma detetive interpretado por Kim Dickens foi tão fraquinho. A sensibilidade que requeria ao personagem não apareceu e quando engatou o desenrolar do caso de desaparecimento Dickens simplesmente não apareceu, simples assim. O filme é ao encerrar-se simples e previsível, na verdade é simples desde a concepção da sua premissa, porém a mágica que Fincher impõe sobre o suspense nos prende a crer que algo de exemplar irá acontecer.
  • “Garota Exemplar” estreia nesta quinta-feira (02) nos cinemas.
Última atualização em Qua, 01 de Outubro de 2014 16:44  
Copyright © 2011 Acontece Curitiba. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por LinkWell.