A Consciência Vem do Coração

 

  • Não confunda as suas limitações com o passado sofrido de uma raça. Eu não sou melhor do que você. E você não é melhor do que eu. Precisamos respeitar o ser humano em essência. Remover o ódio do seu coração eu não posso, nem nutrir a sua falta de conhecimento, mas, por favor, não comente daquilo que você nunca sentiu e nem nunca poderá imaginar o que é ser hostilizado.
  • Banalizaram a minha cor!
  • O significado de banalizar é: transformar algo de valor em alguma coisa comum, vulgar. Todas as mais variadas maneiras de manifestações contra ou a favor da minha etnia estão me dando ojeriza estomacal. Você pensa que não dói quando depõe sobre aquilo que não sabe, sobre aquilo que nunca sentiu? Escrevo “você”, porque leio por aí um monte de dedos apontando, tomando partido por uma luta que mal sabem definir do que se trata.
  • Nas últimas semanas está difícil compartilhar deste espaço (internet) que era para ser de conhecimento, de troca de informações. Em especial, o Facebook se tornou uma privada digital onde os monstros que antes estavam escondidos, agora estão por aí explorando o seu pior lado, relacionam a minha raça com os piores assuntos, desde assistencialismo fajuto de um governo que favorece “os que não trabalham e não pagam impostos”; até os que roubam e não peteiam o cabelo. Mas qual a novidade? A raça já está calejada de tanto ser apontada. Este me parece ser mais um veículo para menosprezar aqueles que são diferentes e até que demorou a surgir os déspotas racistas digitais.
  • Em 1967 Wilson Simonal escreveu uma música chamada “Tributo a Martin Luther King” e disse o seguinte antes de apresentar a música em rede nacional, surpreendendo a todos em horário nobre: “Essa música, eu peço permissão a vocês, porque eu dediquei ao meu filho, esperando que no futuro ele não encontre nunca aqueles problemas que eu encontrei, e tenho às vezes encontrado, apesar de me chamar Wilson Simonal de Castro”. Isso já faz quase 50 anos e ainda temos este problema crônico e lamentável. Por que não podemos conviver com a diferença? Por que a minha cor tem uma relevância inferior? Eu não sou inferior! E como diz a compositora Victoria Eugenia Santa Cruz: “Afinal já compreendi. Afinal já não retrocedo. E afinal avanço e espero. Afinal Negra sou! A consciência deve existir primeiro no coração, senão ela simplesmente não existe.
  • “Tão ingênuos são os homens com relação aos costumes, e tão propensos a reverenciar o que é antigo, que, podendo comprovar uma longa observância do transcurso desses usos, fazem com que até mesmo a servidão, o pior dos males, desde que seja transmitida hereditariamente de pai para filho, seja mantida guardada, como se fora algo sagrado. Mal tal tese se sustentaria, ou suportaria o choque de uma discussão racional, na qual um homem composto e criado tal como outros homens, de elementos tumultuosos, em que o desejo e a insânia em larga medida se combinam, tal como no espírito do escravo que ele comanda, pudesse ser um déspota absoluto e vangloriar-se de ser, ele mesmo, o único homem livre de sua terra?”
  • Cowper.
Última atualização em Qui, 20 de Novembro de 2014 08:34  
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