As galerias Ricardo Camargo e Almeida e Dale exibem nove trabalhos do brasileiro na consagrada feira de arte
Na 16ª edição da Art Basel Miami Beach, o público poderá conferir de perto o universo criativo de Wesley Duke Lee (1931-2010). Durante os quatro dias de duração da consagrada feira – de 7 a 10 de dezembro - a Ricardo Camargo Galeria, em parceria com a Almeida e Dale, expõe nove obras do artista, entre colagens, pinturas e uma instalação. Expoente da Nova Figuração no Brasil, Duke Lee é reconhecido internacionalmente por uma obra múltipla e irreverente.
Os trabalhos selecionados, que mostram as várias técnicas empregadas por Duke Lee ao longo de sua trajetória, estarão no setor histórico da feira. Intitulada The Survey, a seção, presente nas últimas quatro edições do evento, reúne obras paradigmáticas da arte no século XX. O espaço expositivo da galeria será ambientado com pertences pessoais do artista: tintas, pincéis, fotos, móveis e objetos colecionáveis darão ao visitante a sensação de estar em seu ateliê.
Dentre as obras de Duke Lee que serão apresentadas, está a icônica instalação O/Limpo: Anima, iniciada em 1971. O trabalho é composto por um conjunto de objetos de papel machê, metal, tecido, madeira, plástico, ferro, palha, pedra, osso e um espelho em que o espectador vê a si mesmo. Com referências à mitologia grega, a instalação foi aumentando de tamanho ao longo da vida do artista, que costumava inserir novos objetos à obra.
A tela A iniciação do mito de Narcissus (1981) traz um retrato da atriz Sônia Braga, de quem o artista era fã. “No quadro, usei a curva francesa para expressar a sensualidade da atriz; os pontos cardeais indicam que ela não se enquadra, se amplia sempre e tem um espaço a tomar”, descreveu Duke Lee.
Outro destaque é The Zone: I Ching (1964), que o pintor apresentou em 1965, na Tokyo Gallery, no Japão. O país nipônico foi bastante importante na trajetória de Duke Lee, que viveu durante oito meses na região, após ser premiado na VIII Bienal de Tokyo – a máscara prêmio que recebeu na ocasião também será apresentada na feira de Miami.
Cosmopolita, Wesley Duke Lee também passou temporadas nos Estados Unidos e na Europa, implementando aqui algumas ideias de vanguarda. Em 1963, por exemplo, causou um grande impacto no mundo das artes, quando apresentou o primeiro happening do Brasil. No lendário e já extinto João Sebastião Bar, o artista expôs a Série das Ligas – conjunto de desenhos eróticos barrado por museus e galerias da época. Com as todas as luzes do bar apagadas e em meio a uma performance realizada por uma bailarina, a multidão presente pode contemplar os trabalhos vetados com o auxílio de lanternas.
Na Bienal de Veneza de 1966, o artista apresentou Trapézio ou Uma Confissão, aquela que foi considerada a primeira obra ambiental realizada no Brasil. Também na década de 1960, Duke Lee fundou, ao lado de Geraldo de Barros e Nelson Leirner, o icônico Grupo Rex, coletivo que questionava o sistema da arte em plena ditadura militar.
A presença de Duke Lee na feira dialoga com um movimento de revalorização de sua obra. Em 2015, o galerista Ricardo Camargo realizou uma mostra individual do brasileiro; paralelamente, inaugurou, junto com Patrícia Lee, sobrinha do artista, o Wesley Duke Lee Art Institute, casa-museu que abriga móveis, gravuras, telas, fotos e objetos pessoais do pintor. No mesmo ano, sua obra também foi incluída na mostra The World Goes Pop, na Tate Modern.
Sobre a feira
Fundada em 1970, a Art Basel é uma das mais importantes feiras de arte do mundo, tendo edições em Basel, Miami e Hong Kong. Em sua 16ª edição nos Estados Unidos, o evento reúne 268 galerias de 32 países.
Os trabalhos selecionados, que mostram as várias técnicas empregadas por Duke Lee ao longo de sua trajetória, estarão no setor histórico da feira. Intitulada The Survey, a seção, presente nas últimas quatro edições do evento, reúne obras paradigmáticas da arte no século XX. O espaço expositivo da galeria será ambientado com pertences pessoais do artista: tintas, pincéis, fotos, móveis e objetos colecionáveis darão ao visitante a sensação de estar em seu ateliê.
Dentre as obras de Duke Lee que serão apresentadas, está a icônica instalação O/Limpo: Anima, iniciada em 1971. O trabalho é composto por um conjunto de objetos de papel machê, metal, tecido, madeira, plástico, ferro, palha, pedra, osso e um espelho em que o espectador vê a si mesmo. Com referências à mitologia grega, a instalação foi aumentando de tamanho ao longo da vida do artista, que costumava inserir novos objetos à obra.
A tela A iniciação do mito de Narcissus (1981) traz um retrato da atriz Sônia Braga, de quem o artista era fã. “No quadro, usei a curva francesa para expressar a sensualidade da atriz; os pontos cardeais indicam que ela não se enquadra, se amplia sempre e tem um espaço a tomar”, descreveu Duke Lee.
Outro destaque é The Zone: I Ching (1964), que o pintor apresentou em 1965, na Tokyo Gallery, no Japão. O país nipônico foi bastante importante na trajetória de Duke Lee, que viveu durante oito meses na região, após ser premiado na VIII Bienal de Tokyo – a máscara prêmio que recebeu na ocasião também será apresentada na feira de Miami.
Cosmopolita, Wesley Duke Lee também passou temporadas nos Estados Unidos e na Europa, implementando aqui algumas ideias de vanguarda. Em 1963, por exemplo, causou um grande impacto no mundo das artes, quando apresentou o primeiro happening do Brasil. No lendário e já extinto João Sebastião Bar, o artista expôs a Série das Ligas – conjunto de desenhos eróticos barrado por museus e galerias da época. Com as todas as luzes do bar apagadas e em meio a uma performance realizada por uma bailarina, a multidão presente pode contemplar os trabalhos vetados com o auxílio de lanternas.
Na Bienal de Veneza de 1966, o artista apresentou Trapézio ou Uma Confissão, aquela que foi considerada a primeira obra ambiental realizada no Brasil. Também na década de 1960, Duke Lee fundou, ao lado de Geraldo de Barros e Nelson Leirner, o icônico Grupo Rex, coletivo que questionava o sistema da arte em plena ditadura militar.
A presença de Duke Lee na feira dialoga com um movimento de revalorização de sua obra. Em 2015, o galerista Ricardo Camargo realizou uma mostra individual do brasileiro; paralelamente, inaugurou, junto com Patrícia Lee, sobrinha do artista, o Wesley Duke Lee Art Institute, casa-museu que abriga móveis, gravuras, telas, fotos e objetos pessoais do pintor. No mesmo ano, sua obra também foi incluída na mostra The World Goes Pop, na Tate Modern.
Sobre a feira
Fundada em 1970, a Art Basel é uma das mais importantes feiras de arte do mundo, tendo edições em Basel, Miami e Hong Kong. Em sua 16ª edição nos Estados Unidos, o evento reúne 268 galerias de 32 países.