Envelhecer de Paulo Wainberg



Ocorreu-me, pouco antes de desistir de dormir, que o corpo humano rejeita tudo o que vem de fora. Estou falando de tudo mesmo, sem exceções. Tudo que ingressa no nosso corpo, seja pelo buraco que for, é rejeitado e expelido, cedo ou tarde.

Se o corpo não fizer isto, adoece e morre. Não estou me referindo à substituições e reposições, caso dos transplantes, soro e sangue.

Ainda assim, para serem admitidos, a ciência teve que providenciar um bocado. Bebemos água e suamos e urinamos.

Comemos e defecamos.

Respiramos e expelimos o ar respirado imediatamente.

Para micróbios, virus, bactérias e mil outros objetos, a porta da rua é a serventia da casa, inclusive o esparmatozóide vencedor que fecunda o óvulo e é expulso em forma de bebê, o que é um poema a valer. Espinhas, cravos, furúnculos, abscessos são também expedientes utilizados pelo corpo para se livrar dos indesejáveis.

Calculo que deve ser extenuante para o corpo essa lida constante de jogar para fora tudo o que de fora vem, garantindo ao máximo os originais. Vai ver, então, que é por isto que envelhecemos, não há quem aguente ficar jovem, esbelto e com os cabelos da cor original, se permanentemente alguma coisa está invadindo o pobre.

Agregue os efeitos da gravidade e o passar do tempo propriamente dito e, eis aí, decifrado o mistério do envelhecimento.

Se eliminarmos esses três fatores, temos muito mais probabilidade de ficarmos sempre jovens e, quem sabe, para sempre.

Paulo Wainberg
Última atualização em Qua, 08 de Agosto de 2012 08:37  
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