Atriz

Ambos gostamos de sutilezas,

tanto eu, quanto você.

Entre nós quase não há certezas,

mas “talvez”, “quem sabe”, “se”.

 

Assim, você e eu vamos fingindo,

neste jogo forçado de atuar.

Ninguém mostra o que está sentindo,

vamos deixando o tempo passar.

 

E a vida corre.

Não sei quem nasce,

não sei quem morre.

A vida corre,

a vida corre.

 

Vou vivendo sempre por um triz,

e na certeza da minha dor,

nunca sei se és mesmo uma atriz,

mas bem sei que ao teu lado sou ator.

 

Finjo que não te quero,

ajo com indiferença,

dias passam e não te espero,

e é isso o que você pensa.

 

Atuo que sou teu amigo.

Faço tuas as minhas dores.

Horas e horas passo contigo,

escutando você chorar seus amores.

 

Como ser totalmente sincero

se escondo meu maior segredo?

Como fingir que não te quero,

se é tua ausência que me faz medo?

 

Paixão reprimida é essa,

que nos enche de desencanto.

Entre nós nunca houve promessa,

ainda assim, te amo tanto.

 

Não passamos de dois personagens,

figurantes de um romance,

dois medrosos que nunca agem.

Descartamos qualquer chance.

 

Atuamos que não nos queremos,

e que também tanto faz.

Nos contentamos com o que temos

E chamamos isso de paz!

 

Às vezes comédia, às vezes tragédia,

nossas mentiras recolhidas

não cabem em uma enciclopédia.

 

Vamos deixar de tanto monólogo

e fazermos um dueto,

porque a vida passa logo

para tanto sentimento.

 

Sem isso, a tristeza nasce,

a esperança morre.

E a vida corre...

A vida corre.

 

 

 

(02/01/2011)

 
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