Tempos Modernos

Lembro-me de uma pesquisa recente cuja pergunta era: “qual é o invento mais útil que já inventaram?” (a pergunta por si só já é bem idiota, pois é claro que um invento só possa ter sido inventado, meu Deus do céu). Enfim, de acordo com os resultados, o invento ganhador foi...o carro? Nãooo! O celular? Nãooo! Rufem os tambores...a nossa velha conhecida escova de dente! Para você ver que eficiência e a praticidade também podem caminhar lado a lado com a simplicidade.


Apesar de estar torcendo para o espremedor de batatas ser o vencedor (seria sofrível demais fazer purê e nhoque sem ele), me satisfez ver a escova de dentes vencer. O que eu não admitiria de jeito nenhum, a ponto de sair pelado na rua para fazer protesto, é se o celular tivesse ganhado. Na minha opinião celular é o mal do século, acima do stress e da depressão (o apelido do meu celular é “José Dirceu”, existe mas não me é útil em nada).
Um dia destes vou pessoalmente fazer uma pesquisa nas ruas (agora fui eu o idiota, se é pesquisa nas ruas só pode ser pessoalmente, pombas): “qual é o invento mais inútil que já invent...que já criaram?”.
Já até imagino os resultados. Em terceiro lugar os salgadinhos do tipo “chips”. Quer coisa mais inútil que esses salgadinhos? Cheiram mal (cheiro de sapato na chuva), aumentam o colesterol de forma violenta (transformando crianças em futuros candidatos a rei Momo da Portela) e fazem um barulho sobre-humano. Em todo ônibus de viagem que eu pego, pode ter certeza que o desgraçado que sentar do meu lado vai estar comendo um baconzito bem barulhento. E mais: à medida que esses malditos pacotinhos de salgadinhos industrializados foram invadindo as prateleiras dos supermercados durante a década de oitenta, foi sendo jogado para escanteio um tipo de salgadinho que todos temos saudades: o bom e velho mandiopã. Tudo bem, concordo que é muito mais fácil abrir um pacote de salgadinhos já prontos do que jogar um lote de bolotas gordurosas (mandiopãs) numa frigideira cheia de óleo, mas será que vale a pena perder a felicidade de verdade (mandiopã) em troca do mal supremo (salgadinhos chip
s) simplesmente porque são mais práticos? Não, é injustiça demais. Querem saber? Falem o que quiserem da gordura do mandiopã, mas pelo menos ele não precisa ter um ridículo “tazo” dentro para aumentar as vendas.
Mas enfim, pelo menos os salgadinhos são comestíveis. Mas o que podemos dizer sobre o indivíduo que resolveu colocar “sabor” nos papéis higiênicos? Hoje mesmo fui ao mercado e me deparei com um papel higiênico “sabor baunilha”. Pela madrugada, não falta inventarem mais nada nesse mundo. O que interessa se o papel tem sabor de baunilha, pêssego, menta ou o escambal? Alguém aí em sã consciência pretende comer o papel para experimentar se o gosto realmente existe? Ou então depois que se limpar, cheirar a própria bunda para ver se ela está “suavemente mentolada?”. Falem o que quiser daquele papel higiênico rosa, o famoso rala-bunda, mas pelo menos ele é natural. Eu não quero entrar em um elevador lotado e de repente sentir um cheiro de pêssego estragado. Merece o segundo lugar.
Penso que vou finalizar com uma contradição: na minha opinião o invento mais inútil de todos tem justamente a ver com a falta de papel. Não sei se vocês já repararam, mas as toalhinhas de papel foram abolidas dos banheiros de shoppings, principalmente. O cidadão lava a mão e não tem mais direito a toalhinha para se enxugar. Agora há um botãozinho sobre a pia. O cidadão aperta o botão e sai um ar quente em direção ao rosto. Esse ar quente dura cerca de quatro segundos, o que significa que você precisa apertar o botão umas sete vezes até conseguir secar as mãos, o que provoca uma fila de pessoas com as mãos encharcadas olhando para sua cara de bobão. Com isso, o “gênio” inventor descobriu um meio de economizar com as toalhinhas. Agora ele precisa inventar algo que economize a nossa vontade de ir até a casa dele lhe dar uma surra.
Mas tudo bem, até aí a gente agüenta. Complicado mesmo vai ser no dia que alguma besta, ou melhor, “gênio”, inventar algo para economizar o papel higiênico dos shoppings. Já estou até vendo o botãozinho do lado da privada. Já estou até vendo a porta do banheiro com a tranca quebrada. Já estou até vendo alguém entrando pela porta e vendo um pobre coitado de ponta cabeça apertando um botão de quatro em quatro segundos para tentar secar a própria bunda.
Queria ter nascido na pré-história. Tenho certeza que tudo era mais simples.

Diego Gianni






 
Copyright © 2011 Acontece Curitiba. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por LinkWell.