Conferimos"O Homem mais Procurado"

  • A nublada Berlim e Hamburgo são os cenários de “O Homem mais Procurado”, ali se passa uma caça e um jogo de xadrez para provar o poder e ostentar a referência e a potência que os EUA se afirma ter quando o assunto é o controle de tudo. E mais, no longa consta o última atuação de Philip Seymour Hoffman, que, como sempre, executou a performance de um decadente espião da antiga Alemanha com maestria entoando ao filme um tom melancólico e saudosista pelo ator.
  • Issa Karpov (Grigoriy Dobrygin) é imigrante de raízes russa e chechena, depois de ser torturado Issa vai para Hamburgo resgatar a herança deixada por seu pai. A presença deste homem na Alemanha manifesta o interesse dos espiões Gunter Bachmann e de Martha Sulivan (Robin Wrigth) que passam a investigá-lo. Annabel Richter (Rachel McAdams) tem a responsabilidade de cuidar de Issa, mantendo-o vivo e ajudando nas investigações sobre quem está por trás dos grupos extremistas.
  • O ambiente de espionagem é muito menos volátil nesta trama do que se costuma ver nos filmes de suspense, pois há sempre uma vontade inerente de colocar movimento, ação as cenas. Em “O Homem mais Procurado” o ritmo é diferente, os personagens são focados em encontrar a caça, não existem conflitos extras que desviem a história, as negociações são calmas e até cordiais, coloco cordial, pois se trata de uma negociação entre os EUA e a Alemanha contra o terrorismo.   
  • John Le Carré foi quem inspirou o longa, famoso por seus livros de espionagem ele também trabalhou para a inteligência britânica MI5 e MI6 na Alemanha nos 50 e 60. Registro vivo da história Carré estava a serviço em meio à construção do muro de Berlim. Daí é claro que a experiência faz toda a diferença na hora de retratar os fatos sobre a espionagem local e internacional.
  • O best seller homônimo ao qual o filme é baseado foi brandamente revelado nas telas por Anton Corbijn, digo isso por atrever-me a suspeitar que certas posturas americanas seriam um pouco mais incisivas e taxativas do que como fora caracterizada por Martha Sulivan (Robin Wrigth), uma cordial espiã americana. Porém Corbijn consegue deixar claro o quanto “traíra” pode ser o cinismo do governo americano. 
  • O que dizer do decadente espião Gunther Bachmann (Philip Seymour Hoffman)? Prefiro falar de Seymour. A aura do filme combinou com a simbologia de que Seymour já não está mais aqui, um tom de nublado durante todo o filme, um cinza simbólico diante do último trabalho filmado por Seymour no cinema. A voz, os gestos e vícios do personagem denotavam certas coerências com o brilhante ator que era.
  • Já Rachel McAdams interpretando Annabel Richter teve uma atuação morna, assim como Grigoriy Dobrygin que decepcionou com olhares caricatos e lágrimas de crocodilo. Willem Dafoe interpreta o banqueiro Thomas Brue que no início do filme parece ser essencial para o entendimento da história, porém se torna somente um a mais no casting.
  • A história preocupou-se em mostrar quem age em favor de ataques extremistas. Os terroristas são pintados como os “laranjas” dos grandes magnatas que financiam a violência. Com toda certeza não é um filme de máxima bilheteria, talvez até seja por conta de Seymour, mas ao assisti-lo o espectador vai sentir falta da emoção que um suspense pede. Na verdade acho que “O Homem mais Procurado” não tem a intenção de te provocar, ou surpreender ele simplesmente te induz a ouvir e se envolver nos planos de espionagem do mundo real.   
  • “O Homem mais Procurado” tem estreia no dia 9 de outubro nos cinemas.
Última atualização em Sex, 03 de Outubro de 2014 08:59  
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