Eu sempre fui uma fissurada em céus. Adoro ficar olhando, adoro parar no meio da rua para ver como está linda a lua.
Adoro o sol também. Não de ficar torrando nele, até porque minha pele não aguenta, mas só de saber que ele está por aí secando as paredes úmidas, tirando os fungos, trazendo calor para os bichinhos e plantas, já me renovo. Algo aqui dentro de mim ainda está muito ligado ao “lá fora” – até porque imagino que nós, humanos já fomos muito mais ligados em céus em um tempo não muito longe daqui.
Dias que se preparam para chuva normalmente veem com dores de cabeça que passam milagrosamente quando chove.  Dias de sol, depois de uma semana cinzenta (típica de Curitiba) são capazes de mudar radicalmente o meu humor.



Ventos em geral me fazem refletir. Parecem sempre que estão querendo dizer algo...
E a lua, ah, a lua, ela me lembra que sou muito maior do que imagino. Porque ela está ali, para mim, e também para meus amigos que moram na Nova Zelândia ou para a minha família que está no Brasil.
Em Curitiba minhas janelas do apartamento são enormes para todo esse céu/sol/lua entrar. E Sevilla me presenteou com janelas pequenas, em cima, mas também com uma porta que dá para um terraço, onde o céu é todo meu.  Como criança, vivo ali fora. Vivo olhando a cidade-planície, o vizinho Parasol que chamam de Seta, porque tem a forma de um cogumelo, as torres das igrejas e, claro, o céu. Com todas as nuances que ele me traz. Engana-se você que acha que só vejo aqui em cima. Nas minhas caminhadas encontrei cenas absolutamente estonteantes também.
E hoje, pra variar, tenho a amiga Lua me observando pela janela pequena de cima. Ela tem essa mania de me espionar. Esses dias, era no banheiro, hoje na sala. Ela que se sinta sempre muito convidada para estar na minha casa. Gosto da companhia dela.
A você desejo um ano novo cheio de céus. De todos os jeitos. E que você consiga parar um pouquinho para admirar. Só um pouquinho.

Nivea Bona - correspondente do Acontece Curitiba na Europa.