São tantas coisas que nós pensamos que gostaríamos que fossem verdade.
Essa noite eu fiquei pensando nisso:
E se eu pudesse escrever uma carta à pessoas que já se foram deste mundo?
E melhor ainda, se recebesse uma resposta.
Tantas dúvidas cairiam pelo chão, não é verdade?
Se eu pudesse fazer isso, escreveria à minha avó e seria, mais ou menos, assim:
Oi Vó, que saudades !!!
Faz tempo né. As vezes eu até esqueço de como era bom quando estava aqui conosco.
Confesso, que na época eu nem dava muita importância a isso, acho que era a famosa tolice juvenil, mas agora fico pensando em quantas vezes eu podia ter aproveitado mais sua companhia.
Fico lembrando de algumas coisas e tenho tanta vontade de perguntar como a senhora fazia pra ficar tão bom, com aquele gostinho de "colo", de aconchego, de família.
É tão difícil conseguirmos colocar esses ingredientes nos nossos pratos, mas, a senhora fazia isso tão bem que deixou muitas saudades, pelo menos aqui dentro de mim.
Se puder responder essa carta, gostaria de perguntar algumas coisas, já que sei que a senhora está me acompanhando aí de cima e fica vendo que meu trabalho, hoje em dia, é fazer as pessoas ficarem felizes com as comidinhas que eu preparo para elas.
Algumas vezes, enquanto estou cozinhando, sinto até o gosto daquele macarrão com bracholas que servia nos domingos que a gente ia te visitar. Já tentei fazer igual, mas não deu.
Ainda falta alguma coisa que eu não descobri.
E os brigadeiros que a senhora fazia, gigantes, só para não deixar os netos sem um docinho depois do almoço?
Ah, aquilo era como chegar aí onde a senhora está agora. Era um pedacinho do céu aqui na Terra.
Por falar em Terra, as pessoas andam alvoroçadas por aqui. Perdeu-se muito daquilo que a senhora chamava de "Joie de Vivre", a alegria de viver bem. E sei que para começarmos a ter essa alegria, um bom começo se faz à mesa.
Será que a senhora podia me mandar as receitas explicadinhas?
Bom, eu vou parando por aqui, porque a senhora deve estar ocupadíssima com o vovô, com as tias e os outros, afinal a senhora sempre foi o centro da alegria da casa aqui embaixo e não deve ser diferente aí em cima.
Aquelas balas puxa-puxa de limão que a senhora fazia, seriam meu pedido de última refeição, se eu pudesse escolher. Chego a sentir o o gosto delas quando lembro da senhora.
Manda um beijo pra todo mundo e diga que um dia eu "terei" que visitá-los, porque isso não vai dar para fugir.
Um beijo do seu neto da Terra, ainda.
O resto da historia voce confere amanhã...ah,e nesta foto sou eu no colo da minha mãe ao lado da minha avó e pasmem...essa é a Av.23 de maio em São Paulo!
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