Conversando com Marylu Melo


1) Para você, o que é "ser um artista"?
Na minha opinião, ser um artista é se deixar influenciar por tudo aquilo que está em torno, fazer uma mistura e condensar o que achamos que é melhor para o que queremos criar, escrever ou pintar.

2) E quais as diferenças entre um artista de hoje, no mundo digital e contemporâneo, para os artistas do "mundo antigo", por exemplo?
Eu acho que a maior diferença entre os artistas do mundo digital e contemporâneo e àqueles do mundo antigo é a possibilidade imediata de divulgação e exposição da própria criação. Hoje eu posso criar um trabalho pela manhã aqui na Itália e divulgá-lo virtualmente, alguma horas mais tarde, no Japão. Além disso, acredito que as melhores ideias são aquelas que surgem a partir da união de pessoas. O intercâmbio cultural e a cooperação do mundo globalizado contribuem de maneira importante para a criação de grandes e novas ideias.

3) Em qual gênero suas obras se encaixam? Como é a sua arte?
O meu estilo artístico é o abstrato. A minha arte reflete a necessidade de expressar-me de maneira absolutamente livre e para isso realizo os meus trabalhos utilizando materiais como tela, madeira, papel, entre outros.


(Jacobo Celona - diretor geral da Bienal de Florence - Italy)

4) Como funciona a sua inspiração?
A minha inspiração nasce do meu cotidiano. Eu sempre digo que a minha arte é o meu dia a dia, o contato com as pessoas, os sentimentos, as cores, a natureza, os lugares por onde eu passo durante as minhas viagens, porque influenciam o meu pensamento e, consequentemente, as minhas pinturas.

5) Quais são suas influências na arte?
A minha vida, as experiência que vivi, as coisas que observei, as pessoas que encontrei.



6) Dentre as formas de arte, hoje, seria a pintura a mais incompreendida?
Pode ser, mas a incompreensão é uma falha na comunicação do artista em relação ao público ou do público em relação ao artista. Se a pintura não satisfaz, mas provoca e estimula o pensamento, pode-se dizer que o artista conseguiu transmitir alguma coisa. A arte contemporânea é muito incompreendida, mas eu a considero muito fascinante. São poucos os artistas que conseguem pintar uma tela de branco que faça sentido.

7) Por que Curitiba se tornou a cidade do seu coração?
Nasci em Fortaleza, vivi por muitos anos em São Paulo e morei fora por cerca de 4 anos (3 anos em Toronto e 1 ano em Lisboa) devido aos estudos dos meus dois filhos. Quando retornamos para o Brasil, decidimos trocar São Paulo por Curitiba: cidade linda, limpa, bem organizada, cheia de verde, tranquila e com pessoas educadas. Como poderia não se tornar a cidade do meu coração? E apesar de morar em Florença, ainda mantenho a minha casa em Curitiba.



8) Qual a sensação de expor em galerias tão importantes?
É uma sensação magnífica de reconhecimento do trabalho realizado. Significa que consegui transmitir mensagens que, inicialmente, pareciam indecifráveis. Receber um feedback positivo de importantes curadores me entusiasma muito e me dá muita energia também.


9) Por favor, indique para nosso público um livro e/ou um filme de sua preferência (obras que mexeram com sua sensibilidade).
Acabei de ler um livro sobre a vida da soprano Maria Callas chamado "Troppo fiera, troppo fragile" (autor Alfonso Signorini). Uma artista de muitas emoções e com um talento excepcional, fora do comum.


(Ennio Marques Ferreira e esposa Heloisa ao lado da artista Marylu Melo)


(Vittorio Sgarbi e Marylu na  mostra a Cortona)
10) Quais são seus futuros projetos?
Mais do que projetos eu tenho alguns desejos para o futuro, principalmente igualdade para todos e menos hipocrisia no setor da arte.

Última atualização em Sex, 01 de Fevereiro de 2013 11:08  
Copyright © 2011 Acontece Curitiba. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por LinkWell.