Humanize, não rotule! Quem tem rótulo é garrafa de refrigerante!

 Os psicólogos hoje, estão cada vez mais expostos à ênfase excessiva sobre um diagnóstico. Os administradores de planos de saúde, exigem que os terapeutas cheguem rapidamente a um diagnóstico preciso e que a partir dele sigam o curso de uma terapia breve e focada que corresponde a esse diagnóstico em particular. Soa bem. Soa lógico e eficiente. Mas tem muito pouco a ver com a realidade. Representa, pelo contrário, uma tentativa ilusória de criar e regular com precisão científica quando isso não é possível nem desejável.

 Embora um diagnóstico seja algo crucial nas considerações terapêuticas de muitas patologias graves com um substrato biológico (por exemplo, esquizofrenia, transtorno bipolar, dependência química, etc.) ele é frequentemente CONTRAPRODUCENTE na psicoterapia comum dos pacientes com um comprometimento menos grave.

            

 Porque? De um lado, a psicoterapia consiste em um processo que se desenrola gradualmente, no qual o terapeuta tenta conhecer o paciente da maneira mais completa possível. Um diagnóstico limita a visão, pode virar um RÓTULO; diminui a capacidade de se relacionar com o outro como uma pessoa. Uma vez que definimos um diagnóstico, temos a tendência de deixar de nos preocupar com os aspectos do paciente que não se encaixam naquele diagnóstico em especial e, reciprocamente, a dar uma atenção exagerada às características sutis que parecem confirmar um diagnóstico inicial. Mais importante, um diagnóstico pode agir como uma profecia que realiza a si própria. Referir-se a um paciente como “limítrofe” ou “histérico” pode servir para estimular e perpetuar essas mesmas características

 Na jornada terapêutica, precisamos traçar uma linha delicada com uma certa objetividade, mas não uma objetividade excessiva; levarmos demasiadamente a sério o sistema diagnostico do CID, se realmente acreditamos que estamos verdadeiramente desbravando a intimidade da natureza, poderemos ameaçar a natureza humana, espontânea, criativa e incerta da aventura terapêutica. Chegará o tempo em que o formato de cardápio de restaurante chinês do CID parecerá risível para os profissionais de saúde mental.

 

Última atualização em Qui, 30 de Janeiro de 2014 08:10  
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