O lixo nosso de cada dia por Nivea BonaSevilla está há 6 dias sem coleta de lixo. E o cenário nas ruas, com coisas empilhadas para todos os lados e um cheiro diferente no ar, nos faz lembrar da lixarada que produzimos. Eu passei a algumas reflexões que cabem não só para Sevilla, mas para toda concentração urbana. Você sabe a quantidade de lixo que você produz?Não, a gente não sabe. Porque a gente não vê. A gente elimina o problema enviando para um “contenedor” e magicamente esse “contenedor” que fica perto de casa é esvaziado periodicamente. Enfim, o lixo, vejam senhores e senhoras, desaparece!!!Ninguém visita um aterro. Ninguém calcula o quanto de embalagens, de plásticos, de coisas que empacotam isso e aquilo, a gente acaba utilizando no consumo diário. Nem pensamos no desperdício de comida, restos orgânicos mesmo, quando não sabemos aproveitar todos os alimentos com tudo que eles podem nos fornecer.Enfim, cheguei aqui com o costume que trazia de Curitiba. Lavar todos os possíveis lixos recicláveis, o que inclui vidro, plástico e latas. Colocar tudo num plástico grande, onde também iam todos os papéis, isopor e papelões secos. Encher muito esse plástico e só depois jogar fora, assim economizava sacolas plásticas também. Quando fui procurar os dispositivos de descarte descobri que no meu edifício não há separadores. Todo mundo mistura e pronto. Mas se eu caminhar um pouco verei que há um grande depósito para papel, outro para vidro (o que é terapêutico jogar a garrafa só para ouvi-la quebrar lá dentro) e outro para “envases”. Eu, na dúvida, considerei envase tudo o que restavam no pacote dos recicláveis, porque essas coisas envasavam comida e outros objetos anteriormente. Não caiu meu braço nem fiquei mais cansada de caminhar até esses lugares pelo menos uma vez por semana para ir colocando de maneira separada esses itens. Ah, o lixo orgânico reúne por semana uma sacolinha de quase um quilo que jogo no lixo normal do prédio. Com a greve dos garis aqui, o lixo começou a se aglomerar na rua, nas esquinas. E aí você descobre que mesmo tendo boas possibilidades de separação no centro da cidade, as pessoas ainda misturam tudo por pura preguiça. Quando falei minha rotina com uma amiga daqui, ela disse:-ah, lavar tudo eu não lavo. Sou meio preguiçosa para isso. Outra disse:-eu não tenho tempo pra ficar lavando plásticos, latas e vidros...Fiquei me perguntando: mas tempo para lavar louça a gente tem, né? Ou motivação para cozinhar a gente tem, né?Tudo é uma questão de opção, prioridade. E talvez de educação, essa que se torna costume mesmo. Em Bruxelas há diferentes cores de sacos para cada tipo de lixo. Os coletores, quando passam na frente das casas, já sabem exatamente o que é em cada saco e pronto. E mais, quando a pessoa mistura o lixo dentro do saco, eles colocam uma etiqueta sinalizadora para o morador separar e não recolhem o lixo. Pronto. É a tal história, se não vai por bem, vai por mal, por repreensão, por aplicação da lei. Bom seria se todas as pessoas conseguissem ter consciência do volume que fazem no mundo, do espaço que ocupam com seu consumo. Eu,desde que vi que tudo se acumulava pelas esquinas aqui, resolvi manter meus lixos em casa. E fiquei espantada com a produção (só eu!!) de plásticos, latas e vidros que faço para comer (e viver) em casa.Faça o teste. Tente ficar pelo menos duas semanas sem tirar o seu lixo de casa. Você vai descobrir o quanto consome de embalagens e o quanto pode melhorar o ambiente em que vive mudando o seu comportamento de consumo e de organização do lixo. Porque embalagens limpas não fedem. E aí não importa quanto tempo você fica com elas em casa. Você só vai notar o volume que seu consumo ocupa no mundo. E vai desejar comprar menos embalagens e aproveitar mais o produto orgânico. Talvez você vai desejar ter um jardim para poder plantar coisas e enterrar a matéria orgânica para fazer adubo.Aconteceu comigo. Nivea Bona Credito foto:Glenda Dimuro. |
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