Balé Lago dos Cisnes 3D

A rede UCI inicia a venda antecipada do balé Lago dos Cisnes em seis cidades do Brasil. O renomado espetáculo ganhará as telas do cinema e em 3D nos dias 22, 23, 25 e 27 de setembro. Em Curitiba, a produção estará em cartaz no UCI Estação.


A produção conhecida por substituir as tradicionais personagens femininas do balé por um grupo de homens revolucionou o mundo da dança e se tornou o balé que ficou mais tempo em cartaz no West End, da Broadway. Com drama e intensidade de tirarem o fôlego, a filmagem em 3D cria a sensação de envolvimento, mergulhando o público no palco e trazendo um realismo para a história.


Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) e poderão ser adquiridos nas bilheterias e nos terminais de auto-atendimento. Os bilhetes também podem ser comprados no site da rede: www.ucicinemas.com.br.


Além de Curitiba, o balé em 3D será transmitido nos cinemas do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Fortaleza, Salvador e Ribeirão Preto.


SOBRE A UCI

Sinônimo de qualidade e tecnologia, a UCI (United Cinemas International Ltda), há 14 anos no Brasil, possui 16 complexos espalhados pelas principais cidades do país: Rio de Janeiro, São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Juiz de Fora, totalizando 153 salas. A rede é responsável pelo maior cinema do Brasil, o UCI NYCC, localizado no Rio de Janeiro e responsável pelo maior número de público do país desde sua inauguração. Em 2011, manteve sua liderança atraindo cerca de 1 milhão e 800 mil espectadores.

 

Serviço:

UCI Estação – Sala 04

Rua Sete de Setembro, 2775/ loja C-01

Shopping Estação – Curitiba – Paraná

CEP: 80230-010



Última atualização em Sex, 10 de Agosto de 2012 11:07
 

Bullyng de Rafael Remer


Bullying...
O que é?
Termo pouco conhecido ainda no Brasil tem origem inglesa, e não tem tradução exata para o português, usamos ele para qualificar comportamentos agressivos, principalmente no meio escolar, que são praticados tanto por meninos, quanto por meninas. Os atos são violentos, sendo de violência física ou não e sempre acontecem de forma repetitiva e intencional contra alunos que não tem a possibilidade de se defender das agressões sofridas. Esses comportamentos não tem motivações específicas nem justificáveis na maioria dos casos. Seria o mesmo que dizer de uma forma muito “natural”, que os mais fortes, utilizam os mais fracos ou frágeis como meros objetos de diversão, com isso sentem prazer, poder... mas sempre tem o intuito de maltratar, humilhar, amedrontar e intimidar suas vítimas.
Que formas de Bullying existem?
Verbal: insultar, colocar apelidos pejorativos, ofender, falar mau, “zoar”
Física em material: roubar, furtar ou destruir pertences da vítima, bater, empurrar, beliscar;
Psicológica e moral: humilhar, excluir, difamar, intimidar, discriminar, chantagear;
Sexual: violentar, insinuar, abusar, assediar;
Virtual ou Cyberbullying: bullying realizado por meio de ferramentas tecnológicas: celulares, internet, filmadoras etc. Esse tipo de bullying cresce muito rápido hoje em dia, sendo que desde crianças a maioria dos praticantes do bullying tem acesso a esse tipo de tecnologia, afinal hoje, quase todo mundo tem um celular que tire fotos e grave vídeos...
Nota-se um pequeno predomínio dos meninos sobre as meninas na prática do bullying. Ocorre porque em geral os meninos são mais fortes e mais agressivos e se utilizam muito dessa força física, por isso as atitudes dos meninos são mais visíveis. Isso não quer dizer que as meninas não pratiquem o bullying, pelo contrário, praticam sim, porém, geralmente o fazem de forma mais velada, com base em intrigas, fofoca e isolamento das colegas. Muitas vezes, dessa forma, passam desapercebidas, tanto na escola, quanto em casa.
Continuaremos a falar sobre o bullying essa é apenas uma introdução para conhecermos um pouco sobre como ele funciona. Toda semana estaremos postando um novo artigo, pois esse é um problema que vem tomando uma proporção muito grande dentro da nossa sociedade.
O bullying sempre aconteceu, eu mesmo fui vítima por algum tempo. Mas, hoje vemos isso tomar uma proporção enorme. Há algum tempo, só víamos pela televisão atos de violência extrema praticados por crianças alienadas e com acesso a computadores e armas, em geral nos Estados Unidos, onde se trocou a educação dos filhos, por um consumismo exagerado, onde o ter acabou se tornando muito maior que o ser.
Infelizmente já podemos ver isso no Brasil, basta lembrarmos da tragédia ocorrida no Rio de Janeiro no dia 07/04/2011, na Escola Municipal Tasso da Silveira, o qual envolveu de foram fatal mais de uma dezena de adolescentes, de estudantes na faixa etária de 12 à 15 anos.
Eis as manchetes: “Assassino não atirou a esmo, dizem ex-colegas – para eles, atirador procurou em vítimas características específicas” (Folha de São Paulo) “Wellington sofria bullying, diz irmão” (O estado). As reportagens revelam que o assassino cursou a mesma escola e fora alvo de uma série de humilhações. É evidente que nada justifica o desatino verificado, mas o acontecimento demostra a necessidade de conscientização maior, por parte de todos nós!!!

Rafael Remer
Última atualização em Qui, 09 de Agosto de 2012 13:38
 

Pão de Batata com Ervas e Parmesão


Lave, descasque e ferva até ficarem macias duas batatas grandes. Deixe amornar e transforme-as em um purê liso, sem grumos e misture a meia xícara de leite morno e um sachê de fermento biológico seco.

Em uma vasilha coloque duas xícaras de farinha de trigo, uma colher de sopa de açúcar e uma colher de café de sal. Misture grosseiramente e acrescente o purê, um ovo e quando der uma pequena misturada, coloque uma colher de café de sal.
Nesse ponto a massa está muito grudenta e, por isso,costumo mexer com a espátula de silicone até ficar homogenia. Acrescento salsinha, ceboletes e tomilho bem picadinhos nesse momento.
Aí não tem jeito, precisamos sovar com as mãos, ou seja, misturar com vigor essa massa até que ela deixe de ser grudenta. O ideal é fazer a sova por uns 5 minutos.
Deixe a descansar por 10 a 15 minutos e porcione a massa em tamanhos de pãezinhos.
Se quiser colocar algum recheio a hora é essa. Você pode colocar muzzarella, Catupiry, requeijão, presunto, bacon, frango, linguiça, o que gostar. Os recheios mais moles como o requeijão e Catupiry, faça um pequeno corte na lateral e coloque com uma colher de café. Depois feche a cavidade.

A forma a ser usada precisa ser antiaderente para que não grude. Na falta dela, unte levemente com manteiga, forre com papel-manteiga e unte novamente com manteiga. Ou pode usar o silpat, o tapetinho de silicone que é uma mão na roda para preparos que grudam.

Quando estiver na forma, separe uma gema e misture com uma colher de sopa de água e queijo parmesão ralado. Procure ralar um pouco mais grosseiramente e evite usar os de saquinho muito finos. Pincele em cima de cada pão.

Pré-aqueça o forno na temperatura de 180ºC por dez minutos e coloque a forma com os pãezinhos. Deixe de 30 a 35minutos, até estar bem douradinhos.

Retire a forma do forno e deixe amornar um pouco e retire os pãezinhos de batata com uma espátula. Nesse ponto eles ainda estarão meio moles e é necessário esse cuidado.
Coloque em um prato e sirva com uma bela xícara de café com leite ou um suco de frutas bem geladinho se for verão.



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Envelhecer de Paulo Wainberg



Ocorreu-me, pouco antes de desistir de dormir, que o corpo humano rejeita tudo o que vem de fora. Estou falando de tudo mesmo, sem exceções. Tudo que ingressa no nosso corpo, seja pelo buraco que for, é rejeitado e expelido, cedo ou tarde.

Se o corpo não fizer isto, adoece e morre. Não estou me referindo à substituições e reposições, caso dos transplantes, soro e sangue.

Ainda assim, para serem admitidos, a ciência teve que providenciar um bocado. Bebemos água e suamos e urinamos.

Comemos e defecamos.

Respiramos e expelimos o ar respirado imediatamente.

Para micróbios, virus, bactérias e mil outros objetos, a porta da rua é a serventia da casa, inclusive o esparmatozóide vencedor que fecunda o óvulo e é expulso em forma de bebê, o que é um poema a valer. Espinhas, cravos, furúnculos, abscessos são também expedientes utilizados pelo corpo para se livrar dos indesejáveis.

Calculo que deve ser extenuante para o corpo essa lida constante de jogar para fora tudo o que de fora vem, garantindo ao máximo os originais. Vai ver, então, que é por isto que envelhecemos, não há quem aguente ficar jovem, esbelto e com os cabelos da cor original, se permanentemente alguma coisa está invadindo o pobre.

Agregue os efeitos da gravidade e o passar do tempo propriamente dito e, eis aí, decifrado o mistério do envelhecimento.

Se eliminarmos esses três fatores, temos muito mais probabilidade de ficarmos sempre jovens e, quem sabe, para sempre.

Paulo Wainberg
Última atualização em Qua, 08 de Agosto de 2012 08:37
 

Linguado Meunière e enroladinho Maroquino



Limpe bem os filets, retirando a pele.
Tempere com sal, pimenta e uma gotas de suco de limão.
Cubra e deixe na geladeira por uma hora.
Tempere a farinha de trigo com sal, pimenta do reino e acafrão da terra, o que dará essa cor dourada viva..
Passe os filets nessa farinha e dê uma batidinhas para tirar o excesso de farinha.
Na frigideira, coloque manteiga e um fio de azeite e frite-os.
Quando dourar, retire e escorra no papel toalha e quanto for retirar para servir cuidado para que não grude o papel na crosta ou, o pior, que a crosta não se solte por ficar presa no papel.
Coloque no prato, sobre uma cama de alface e cubra com o molho Meunière.

O molho Meunière:

Pegue um maço de salsa e um de cebolinha, limpe e retire os talos.
Coloque por um minuto em água fervente, retire e coloque na água gelada.
Deixe meio minuto e escorra bem. Se necessário aperte, com as costas da colher contra a peneira, para retirar toda a água.
Derreta manteiga com algumas gotas de suco de limão e junte à salsa e cebolinha.
Dessalgue alcaparras e acrescente.
Você pode bater no liquidificador que fica mais lisinho ou masserar no pilão, como eu fiz, mas fica mais grosso.
Experimente o sal. Se necessário, coloque mais.
Se ficar muito grosso, você pode acrescentar azeite de oliva, pois a manteiga vai solidificando com o passar do tempo.
Última atualização em Qua, 08 de Agosto de 2012 07:52
 

Porque sou cozinheiro


Cada um de nós tem uma história e várias estórias para contar mostrando, geralmente, o lado poético da sua escolha de carreira. Cabe a cada um e somente a si conhecer o verdadeiro motivo.

Mas eu não falo dos cozinheiros de hoje. Os que foram impelidos pelo modismo, pela mídia, pelo status que a profissão tem hoje. Falo sobre aqueles que tiveram a escolha, dos que seguiram uma paixão, dos que tinham outras opções, muitas vezes melhores, mais sofisticadas, mais rentáveis e infinitamente mais tranquilas.

Mas, como falar dos outros se eu mesmo disse que cabe a cada um conhecer a sua verdadeira história?

Então falo por mim e só por mim. Pode até ser que a minha história tenha semelhanças com a sua, mas personalizo-a apenas em meu nome.



Depois de um colégio tranquilo, onde tive sempre notas boas, fui guindado da vida normal por ter sido enganjado à força no Exército. Sim, a força, afinal eu nunca quis estar lá.

Ao contrário de outros serviços militares, pelo meu tamanho, 1,80m, sim foi essa a minha maior aptidão demonstrada fui retirado da vida civil e deixado quase dois anos fora dela.

Servi na Polícia do Exército em uma época de transição. Estávamos saindo de uma ditadura militar e dando os primeiros passos em direção à democracia. Como se a democracia que vivemos fosse para o povo e pelo povo. Tempos em que Lula era apenas um metalúrgico e não uma importante figura de poder.

Ao sair, entrei em um cursinho, afinal dois anos de estupidez emburecem qualquer um. Digo estupidez porque até hoje não encontro um sentido para o que fiz nessa época. Segurar um fuzil sem projéteis (balas) e ficar marchando feito um idiota não faz de nenhum Exército capacitado para defender uma nação. Ainda bem que nunca entramos em guerra. Apanharíamos até do Haiti se dependesse do que aprendi lá.

Feito o cursinho entrei em uma faculdade de odontologia. Não qualquer uma. Entrei na melhor da época. A Universidade de São Paulo. Foram seis aninhos de estudo onde, pela primeira vez, mexi em bocas alheias que não fossem de namoradas.

Nessa época eu desesperadamente já pensava em largar tudo e seguir uma paixão. Como guitarrista desde os seis anos, queria ser músico, mas vamos e venhamos, as chances de sucesso são tão incrivelmente difíceis, principalmente na época, que desisti de um sonho de adolescente mais que rapidamente, afinal já estava casado nessa época.



Poderia ter começado a narrativa contando que aos oito anos já me aventurava no fogão, meio que escondido, fazendo brigadeiros  para comer escondido de minhas irmãs, que olhava minha mãe e minha avó fazendo os almoços e jantares familiares e curiosamente já me interessando pelos livros quase toscos que tinham elas. Um livro me deixava fascinado: O da Dona Benta. Acho que o li umas trinta vezes, para não ser exagerado. Até arrisquei algumas receitas. Que tem esse livro pode ver a receita de abacaxi com bala de hortelã que abre a edição de 1967. Que merda que ficou, lembro bem, hehe!!



Mas continuo a fase mais adulta e menos romanceada na minha cabeça.



Certo dia eu estava de plantão no serviço de traumatologia do Hospital Universitário quando deu entrada uma menina de sete anos que havia sofrido um acidente. Nesse acidente ela atravessou o para-brisa do carro em uma brecada e fraturou 16 ossos da face. Foram dezessete hora de cirurgia.

Ao sair, extenuado da sala de cirurgia e entrar no meu carro para voltar para casa, fiquei mais de uma hora chorando dentro dele. Chorei pela menina um pouco, mas chorei por mim muito mais. Eu não pertencia a esse caminho. Não estava em mim nenhuma paixão por ser um CD, apelido dos cirurgiões-dentistas.

Voltei para casa e cai na cama. Dormi mal, poucas horas, não pelo que eu tinha passado, mas sim pelo que havia por vir. Eu havia decidido largar tudo e precisava informar à família.

Não foi fácil. Explicar que o que você havia investido por anos, não só financeiramente, pois a odontologia é a faculdade mais cara que existe, mas grande parte da minha vida.

Feito o estrago, assumi o gerenciamento da loja da minha família, uma relojoaria tradicional, que já tinha mais de sessenta anos de existência.

Fui relojoeiro, gravador, meio ourives, gerente, vitrinista e tudo mais. Fiz cursos, me empenhei em ser o melhor que podia, trabalhei anos de domingo a domingo, fazendo o trabalho na loja e feiras de antiguidades.

Mas eu não estava feliz. Poderia ser chamado de inconstante, de inconsequente, de aventureiro, mas eu me chamava de frustrado. Não fazia o que gostava. Não estava satisfeito.

Sentei com meu pai e comuniquei minha saída. Disse-lhe: - Quero ser cozinheiro !

O rosto horrorizado dele me e persegue ainda hoje.



Em uma época em que essa profissão era considerada coisa de imigrantes, de pobres, e no pior dos preconceitos, de gay, entendia seu temor, mas segui adiante.

Fui ser sócio do Caracalla, um pequeno serviço de mamitex durante o dia e um paupérrimo bistrôzinho durante as noites.

Estudei tudo que eu podia. Tudo que eu encontrava. Tudo que o parco dinheiro permitia eu comprar. Contratamos um cozinheiro, Whaldemark, um alemão muito humilde, coisa rara, mas que era um gigante na cozinha. Aprendi muito com ele, mas aprendi que se vamos ensinar a alguém devemos fazer o melhor. Afinal o resultado é uma mostra da sua competência.

Anos depois, meu sócio, Edson Cordeiro, uma pessoa que não entendia nada de culinária, mas tinha o dinheiro necessário para  abrir o negócio, mostrou-se irresponsável demais para que pudéssemos ficar juntos.

Sem muitas reservas, afinal o que eu ganhava eu tinha que sustentar a família, montei um pequeno serviço de entregas de almoços, jantares e lanches. Lembro bem da estreia, no carnaval de 1996 e depois de dois dias de misse on place fiquei olhando o telefone mudo tirando sarro da minha cara. Cinco pedidos em uma cidade com 300mil turistas.

Meu azar foi ter feito panfletos e eu, com ajuda de meu filho e esposa, espalhamos pelo bairro todo. Só que choveu muito. Foi quase um dilúvio e toda a panfletagem se foi com a água. Comemos, doamos, jogamos coisas estragadas fora, mas o pior foi ter sentido minha moral ir com a enxurrada.



E o caminho foi complicado. Fui personal Chef. Uma denominação que quase quer dizer cozinheiro desempregado. Fazia jantares, festinhas, casamentos, comandava churrasqueiras, etc. O que viesse eu aceitava.



Em um destes churrascos, em fins de 2007, uma pessoa se aproximou e fez um elogio à carne que estava sendo servida, mesmo porque quem tinha uma mínima noção sabia que os donos da festa eram muito mesquinhos e que o que serviam era carne de baixa qualidade, mas que nas mãos certas se transformaram em algo palatável.



Essa pessoa me fez uma proposta para que eu assumisse um restaurante que estava abandonado há cinco anos. Meus olhos brilharam. Vi uma oportunidade, uma nova chance de comandar uma cozinha de verdade.

Ao chegar ao local vi muito do meu sonho se transformar em trabalho escravo. Virei marceneiro, pintor, jardineiro, eletricista, encanador, designer. Foram muitos e muitos dias que dormi lá dentro sentado em uma cadeira e apoiando a cabeça em uma mesinha de praia. Acho que foram os únicos dias em que não estudei na vida. Virei trabalhador braçal. Nessa época pude me empenhar, pois meu filho havia se mudado porque entrou na mesma USP e eu havia me separado da minha esposa e, com isso, estava sozinho.

Quase dois meses depois estava quase pronto. Sim, "quase", por dois motivos: A reforma não termina nunca e o restaurante não tinha absolutamente nada dentro.



Sem dinheiro para encher as despensas e geladeiras, fui pedir empréstimo bancário. O legal é que fiz muitos gerentes darem muitas risadas e se divertirem com o meu pedido. Cartões, cheque especial, reservas, tudo já tinha sido consumido na reforma. Restava uma pessoa na face da Terra que tinha dinheiro para me ajudar: Meu genitor.

Ouvi um sonoro não. Esse não foi pelo simples fato de que ele achava que eu embarcava em mais um sonho. Ele não estava errado. Só que meu sonho desta vez era bom e nãoo pesadelo que ele imaginava.

Consegui comprar muitas coisas de uma casa-bar que estava fechando. Seis vezes, por favor, pedi a pessoa e ela para se livrar das coisas topou. Ponto pra mim que estava no lugar certo na hora certa. Pobre dele que via seu sonho desmoronar.

Fiz fichas em atacados, em indústrias alimentícias, fui conhecer pescadores, produtores agrícolas locais, entrei no movimento Slow Food para ter acesso a produtos orgânicos e especiais, conheci os chefs locais e com eles aprendi muito sobre o cliente local, sobre as melhores épocas de trabalho, sobre o preparo que antecedia as temporadas, etc, etc.

No dia primeiro de fevereiro de2008 o Qorthon abriu suas portas, depois de uma maratona de 36 horas fazendo ficahas técnicas. Minhas olheiras me denunciavam. Era uma sexta-feira e eu resolvi fazer um coquetel de inauguração. Comida e bebida de graça, salão e varanda chapados de gente, afinal começava o carnaval daquele ano e essa época é a mais cheia de turistas, perdendo apenas para o reveillon.

Animado com a perspectiva, não dormi nesse dia, emendando a noite da sexta com o sábado de carnaval. Foi uma loucura. Lembro-me de pouca coisa. Não tive tempo para guardar nada na memória, apenas que tive que retirar a golpes de cutelo a última carne preparada que ficou presa no freezer e dizer a um sem número de pessoas que encerrava o dia porque não tinha mais nada a servir. Incompetência de iniciante.

Segue-se um ano muito chuvoso e frio, mas as portas abertas e alguns eventos seguraram a barra.

Em setembro houve um concurso gastronômico do litoral e eu pude participar com uma terrina de lombo de porco e couve e levei o prêmio. Deu um bom impulso no Qorthon.

A prefeitura mantém na cidade um centro de estudos profissionalizantes. Passei a dar aulas esporádicas por lá. Apaixonei-me por ensinar algo pelo que eu era apaixonado. Mantenho isso até hoje.

Passei algumas situações complicadas, por exemplo, toda a comida que sobrava eu preparava e embalava em quentinhas e ia distribuir aos pobres coitados que viviam na praça central da cidade. Muitas vezes quase apanhei porque não havia o suficiente.



Passei a visitar uma creche e lá me divertir ensinando aquelas crianças a fazer o "beabá" da culinária. O problema é que a gente se apega à elas e elas nem sempre ficam o tempo suficiente que queremos. Muitas somem, de um dia para outro, e nosso coração fica muito apertado quando sabemos que foram transferidas, quando seus pais tiveram problemas, quando são espancadas e hospitalizadas. É muito difícil ficar indiferente e eu não consegui isso. Conflitei-me com a direção, que ainda hoje acho irresponsável e sai de lá.



A convite de uma grande amiga passei a frequentar um depósito de velhinhos. Sim, não posso chamar aquilo de asilo. Era depósito mesmo. Sobrevivia por ajuda de um centro espírita da cidade. A prefeitura nunca colocou um centavo por lá, mas soube desapropriar o local, sem ao menos perguntar onde aquela dúzia de pessoas, que um dia foram jovens e ativos, iriam. Novamente esse centro ajudou e arrumou um novo local, mas não havia mais como eu estar com eles. Para sanar essa distância, consegui contratar um motorista e uma perua Kombi e nas quintas-feiras o Qorthon virava um alegre bingo da terceira idade. Era uma delícia bolar o cardápio sempre levando em conta as necessidades de cada um. Parece difícil, mas a satisfação compensa o trabalho.

Acabou isso, não porque eu quis. Acabou porque nesses quatro anos essas maravilhosas pessoas que sorriam pra mim, mostrando mal feitas dentaduras, passaram para o outro lado. Só uma ainda insiste em ficar por aqui, mas meu grande amigo Savio a recolhei e lhe deu um lar. Santos ainda andam pela Terra.



Hoje tento desesperadamente convencer meus colegas daqui a entrarem em um projeto chamado Café da Manhã na Rua. Pesquisas mostram que ao começar o dia bem alimentado a violência diminui. Mas isso está ainda em projeto. Quem sabe com a baixa temporada eles não se animam a me ajudar.



Voltando aos atos menos altruístas...



Fui ajudar um colega e assumi ser sous-chef em um restaurante, a Taberna Basca, o melhor restaurante de comida espanhola e frutos do mar da região. Queria voltar a aprender algo diferente. Fiz tanta Paella que nem posso mais ve-las. O problema é que muitas vezes teus professores sabem menos que você. E isso te transforma em inimigo. Mas vamos tocando a toada.

Desta experiência surgiu um grande amigo e com ele montei um buffet. O Qorthon Buffet, ativo até hoje e com boas perspectivas pela frente.



Escrevi um livro. Há anos que quero fazer isso e agora ele está se tornando realidade. Logo estarei com um exemplar nas mãos. Não queria um simpleslivro dereceitas.Queriaum livro que,além das receitas, preparasseoleitorpara fazê-lascom perfeição.

Quero que fique pronto e com isso abrirei uma frente de cursos pelo Brasil. Torço para dar certa essa parte, pois adoro estar em contato com pessoas apaixonadas e que querem aprender. Eu adoro ensinar. Jamais me furtei de passar em detalhes uma receita.

Agora vivo em certa tranquilidade. Dou-me ao luxo de manter o Qorthon só nas temporadas e aproveito para reciclar-me nesse tempo ocioso, lendo, escrevendo, ensinando e cozinhando novas experiências. Adoro tentar e tentar e tentar. Uma paixão de ver os resultados e comê-los, sabendo que podem estrelar um novo menu para uma nova temporada.



Estava escrito, não nas estrelas, mas dentro de mim, desde que me vi olhando a Dona Cida cozinhando, a Dona Aida fazendo balas puxa-puxa, o seu Zé temperando suas carnes e eu, sentado no canto da cozinha lendo a Dona Benta. Deveria ser Santa Benta se ela existisse.

Pra que não sabe, Dona Benta é apenas o nome dado a um livro, usando um personagem do Monteiro Lobato. Ela nunca existiu. Só posso dizer que o que existe é o meu amor pelas panelas, pelo fogão, pela comida e pelo sorriso de quem a come.



E é por isso que eu virei cozinheiro.



Simplesmente por amor a mim mesmo.
Última atualização em Ter, 07 de Agosto de 2012 12:27
 


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