Depressão " A dor de existir"



“Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes
O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição”
Renato Russo



Quem nunca se sentiu tentado a não sair da cama de manhã?

Tristeza? Melancolia? Baixo-astral? Depressão?

Dizem que o mal do século XX e do começo do século XXI é a depressão, como foi a tuberculose no século XIX. Mas de fato, hoje, pode-se reconhecer a alta incidência de depressão e sua importância clinica.

A depressão não é simplesmente uma doença, é também um estado de espirito a que todo mundo está sujeito, em maior ou menor espaço de tempo, maior ou menor frequência, sendo assim, ela é um “objeto” palpável da nossa consciência, e, devemos aprender a conviver com ela, portanto, o primeiro passo é compreendê-la. 

Na depressão, a pessoa fica com o humor inibido, sente-se triste, apática, angustiada, ansiosa. Cai o nível de energia, aparecem o desânimo e a dificuldade de sentir prazer na vida como antes, inclusive sexual. Ocorre uma lentidão psíquica e física, paradoxalmente associada a desassossego quando a ansiedade for intensa. Fica difícil concentrar-se, a memória falha, o raciocínio não flui mais. A mente é invadida por uma onda de pessimismo de ideias e de preocupações negativas. Surgem sentimentos de culpa, insegurança, medo, inutilidade, solidão, burrice, inadequação, fracasso, baixa autoestima e falta de sentido na vida. Tudo é avaliado de uma visão negativa distorcida: passado, presente e futuro. Podem aparecer pensamentos de morte e alucinações. Ocorrem alterações de apetite e/ou peso. O tempo de sono pode aumentar ou diminuir, mas o sono deixa de ser reparador. Frequentemente a queixas de dores e de mal-estar físico, resultando em várias visitas médicas sem sucesso antes de se diagnosticar depressão.

Em linhas gerais, a depressão pode ser entendida como um estado de humor disfórico (para baixo), onde ocorre a perda de prazer em quase tudo que se faz. Os sintomas podem ser inicialmente psicológicos, como indecisão, irritabilidade, falta de capacidade de concentração, insônia ou hipersonia, sentimento de profunda infelicidade e por aí vão...

Alguns sintomas psicológicos e emocionais que identificam a depressão são a perda de interesse pela vida, queixas somáticas, lentidão mental e motora, falta de energia, perspectiva de futuro bloqueada. Perceba que esses sintomas clássicos são, na maioria das vezes, mascarados por outras condições, tais como fobias, insônia e abuso periódico de álcool.

As pessoas da sociedade atual são mais vulneráveis à depressão do que nossos antepassados, devido ao estresse, vida agitada, excesso de atividades, por isso, uma incidência tão grande nos dias atuais. Seria interessante neste momento, cada um de nós parar um pouco e refletir... o que mudou tanto a ponto de formar pessoas depressivas, desde a infância até a velhice?

Não estou lhes dando a resposta, pois eu também não a tenho, infelizmente, mas nota-se que as mulheres estão em maior risco de ansiedade e depressão do que os homens e que uma grande porcentagem de mães apresenta de leve a moderada depressão. As mulheres descrevem maiores níveis de experiências depressivas associadas com assuntos de dependência, assim, sentem um maior desejo de serem amparadas. Em ambos os sexos, a intensidade do desejo de ser amparado está relacionada com a dependência. Você deve estar pensando: Dependência? Dependência de quê? De quem? Mais um momento para reflexão, pense... este é um ótimo exercício para livrar-se  e prevenir-se da depressão.



Depressão: Ter ou Não Ter?



Ao ler o titulo acima deve vir-lhe a cabeça: esse sujeito é maluco! Seria possível escolher ter ou não depressão?

Calma, deixe-me explicar!

Podemos sim, prevenir a depressão quando não a temos e reduzir muito seus sintomas quando a temos, com medidas simples, mas que parecem uma tortura para quem tem depressão. Vou falar um pouco sobre elas, sem, é claro, ter a pretensão de lhes dar uma lista de dicas para livrar-se da depressão como fazem as revistas com suas dietas milagrosas...

Lembra quando falei no começo deste artigo sobre “aquela vontade de não levantar da cama”, pois então, esse é o primeiro passo “LEVANTE” procure algo para fazer, algo que possa lhe trazer prazer. Aqui podemos fazer um paradoxo com a lei a física que diz “um objeto que está parado, tende a permanecer parado e um objeto que está em movimento, tende a permanecer em movimento”. É isso mesmo, quanto mais parado você ficar, mais vontade de ficar parado você terá. Uma opção interessante nesse caso, é praticar exercícios físicos, de preferencia exercícios aeróbicos, além de movimentar seu corpo, você movimentará seu cérebro, que passará a produzir neurotransmissores que amenizarão, e muito, os sintomas depressivos. Quais são esses neurotransmissores? São muitos, não temos espaço suficiente para falar deles, portanto, pesquise, não fique aí parado!

Quando se tem depressão é muito importante procurar um profissional especializado para trata-la. Sabe aquele médico que lhe receita antidepressivos ou remédios para ansiedade, com certeza não está habilitado para te ajudar. O médico que trata depressão é o psiquiatra, não tenha medo de procurar um, garanto a vocês que eles não mordem. Os psiquiatras já foram vistos como médicos para loucos, malucos... Isso é muito antigo!

Pronto, procurei um psiquiatra, ele me receitou algumas medicações, agora é sentar e esperar fazer efeito! MENTIRA! Infelizmente ainda não inventaram a pílula da felicidade, portanto, apenas tomar medicação não lhe tirará do estado de depressão, o medicamento é apenas um auxiliar, novamente tenho que dizer, “LEVANTE” “MEXA-SE”.

Infelizmente alguns médicos não encaminham seus pacientes depressivos para psicoterapia, o que é fundamental para o tratamento, é preciso olhar para dentro... reavaliar... repensar... mas a maioria dos médicos psiquiatras indica um tipo de psicoterapia, mas o paciente está tão ocupado em ficar parado, deitado, estagnado, com pena de si mesmo que não encontra tempo para se tratar de verdade.

A psicoterapia nada mais é do que um processo de autoconhecimento, ou seja, quando você se conhece melhor, sabe como vai lidar com seus pequenos problemas, com atitudes concretas e não com lamentações. Sempre que puder, procure um psicólogo, mais uma vez lhes garanto, nós também não mordemos, somos pessoas comuns como você, não temos poderes especiais, nem somos donos de supostas “mágicas” como dizem por aí. Dentro da psicologia existem muitas abordagens, certamente você se adaptará a alguma delas, existem muitos profissionais da psicologia que podem lhe ajudar e você tem o direito de escolha o que é o mais importante. Você pode escolher um psicólogo menos convencional como eu que pareço um psicólogo saído de uma banda dos anos 60 direto para o século XXI até aquele mais ortodoxo que vemos estereotipados em filmes, que se vestem sempre de preto, ficam de costas para o paciente e repetem a famosa frase “fale-me mais sobre isso”

Poderia eu, citar aqui uma infinidade atitudes que você poderia tomar para se prevenir da depressão, ou para sair de um estado depressivo, mas não temos espaço suficiente, a revista teria que ter umas duzentas páginas para falarmos somente disso. Posso somente lhe dizer, NÃO FIQUE AÍ PARADO, O PROBLEMA TEM SOLUÇÃO, BASTA VOCÊ CORRER ATRÁS!

Por fim, para você que tem medo de fazer terapia, vou parafrasear meu colega Cyro Martins:

Decreto

Pois fica decretado que a partir de hoje terapeuta é gente também.

Sofre, chora, ama, sente e às vezes precisa falar.

O olhar atento, o ouvido aberto escutando a tristeza do outro,

Quando as vezes a tristeza maior está em seu peito.

Quanto a mim, fico triste, fico alegre e sinto raiva também.

Sou de carne e osso e quero que você saiba isso também.

E agora, que sabe que sou gente, quer falar de você pra mim?

 


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