Posso correr como o vento!

Você pode não acreditar, mas posso correr como o vento!".
Terminei de ler ‘Forrest Gump’, de Winston Groom.
O filme se mantém como o meu “preferido”, um modo infantil de se referir a algo, mas tenho por esse filme um carinho que se tornou insuperável. Vi tantos outros bem melhores (como o impecável ‘Amadeus’, por exemplo). Mas Forrest continua sendo o Forrest, e até um idiota como eu sabe que um filme assim não se encontra em cada esquina.
O livro é outra história e eu sabia disso, por isso li desapegado...

(pausa: coloque esta música de fundo enquanto continua lendo:

 

 

 

Não há peninha branca à mercê do vento no livro. E o Forrest original não corre e nunca teve problema nas pernas. Este Forrest tem mais de dois metros de altura e não conheceu o Elvis e nem o John Lennon. O Forrest do livro é estúpido, mas não é “fofo” como o dirigido por Robert Zemeckis e interpretado magistralmente por Tom Hanks. Aliás, o Forrest original não é estúpido por ter o QI baixo. Ele é um ‘savant’, extremamente inteligente em habilidades como matemática e xadrez e totalmente desligado e desinteressado em relação às outras coisas da vida, provavelmente as mais banais. Quer dizer, o Forrest do livro também não entende porque está trocando tiros no Vietnan com gente que nunca fez nada pra ele. Entende o que eu quero dizer?
Forrest e Jane não ficam juntos. Mas transam muito e Forrest experimenta drogas. Jane não morre no livro e não foi abusada pelo pai quando criança. Forrest passa a vida correndo atrás dela e a própria mãe fica em segundo plano. Forrest não tem a mesma pressa em voltar pra casa. Suas aventuras, na verdade, sempre parecem ser um meio de fugir de algo e ir atrás do que realmente importa: sua garota.
Daí vem a parte mais surreal de ler a história original depois de ver o filme vinte anos antes: Forrest vai para o espaço na companhia de um macaco. Forrest passa um tempo como refém em uma tribo de canibais (onde, aliás, aprende a jogar xadrez com um dos selvagens). Forrest... Ah, já chega.
Há razões para a adaptação para o cinema ser tão diferente, como por exemplo a escolha do ator e os aspectos técnicos em relação aos efeitos especiais que estavam despontando na década de 90 e poderiam ser bem explorados no cinema com o trabalho de Zemeckis.
A frase chave do livro: “ser um idiota não é nenhuma caixa de chocolates, mas pelo menos, não levei uma vida monótona.”
Eric Roth recebeu o oscar de melhor roteiro adaptado, mas a verdade é que ele reescreveu a obra.
É uma ótima e interessante história, mas é importante você saber que é uma outra história.
E não tenho mais nada a dizer sobre isso.

Diego Gianni

Última atualização em Ter, 22 de Maio de 2018 08:45
 


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