Uma droga de texto

Outro dia fui convidado para ir num churrasco. Fui mais pelas mulheres do que pela carne. Chegando lá, vi que só tinha homens e quase não tinha carne.
Começou bem.
E vocês sabem, churrasco é que nem formatura. No começo todo mundo é comportado, cordial, educado, etc. Mais cerveja vai, cerveja vem, e quando você percebe se inicia um bate boca sobre futebol ou o futuro (ou falta de) deste país.
Mas até aí tudo bem. Cerveja todo mundo bebe, e álcool, afinal de contas,
até Cristo bebeu um golezinho antes de ser traído por aquele comuna do
Judas.
Mas depois alguns dos presentes resolveram, como eu posso dizer...dar um tapa na pantera, acender o orégano dos doidos, ou para os leigos, fumar maconha.
Eu sou careta. Pedi licença e aproveitei para ir ao banheiro. Acho que este é o melhor exemplo que eu posso dar sobre os efeitos da maconha: quando eu estava indo para o banheiro, eles estavam discutindo sobre as chances do Brasil faturar a próxima Copa. Quando eu voltei para a sala, eles estavam traçando um paralelo entre a morte de Tancredo Neves e a evolução dos anfíbios. Não me perguntem como.
- Este país é o que é por causa dos anfíbios! Só não vê quem não quer!
Eu assistia a tudo embasbacado. De repente eles começaram a rir. Não de uma piada ou algum comentário jocoso. Riam por rir, de qualquer coisa.
- Vejam! Um besouro!
E riam como nunca...
Como escritor, já me perguntaram se eu fumo antes de escrever. Respondo sinceramente que não, e alguns duvidam – como se fosse preciso você sair do seu estado normal e entrar num estado “vegetativo” (sem trocadilhos) para criar uma história.
Mas o que se comenta, e isso eu não duvido, é que a maconha te ajuda a
liberar a mente, etc. Em contrapartida, as milhares de idéias que surgem não
são aproveitáveis, mesmo que na hora você ache o “maior barato” (chega de
trocadilhos, pelo amor de Deus).
Pois muito bem. Eu me rendo. Resolvi escrever esta crônica até este ponto e acender um cigarrinho do demônio para ver como eu continuo escrevendo (nota mental: não mandar esta crônica para ninguém da minha família).
Muito bem...estou acendendo o cigarro. Agora vou dar o meu primeiro trago.

...

Voltei. Fiquei cinco minutos no banheiro tossindo. Minha mãe veio me perguntar se eu estava bem e por algum motivo eu caí na gargalhada.
Bom, vou continuar a escrever. Até aqui tudo bem. Minhas idéias estão normais e não estou “pirando” para escrever, como me diziam que aconteceria.
A teoria do caos, sem sombra de dúvida, foi o fator predominante da separação dos continentes. Se o mundo fosse uma Pangéia, todos nós seríamos mais unidos.
Pangéia. Não é uma palavra engraçada? Estou rindo um monte.E agora entendo aquela piada do besouro no churrasco. Por que eu não ri na hora?
Não é estranho pensar que se todos nós pulássemos ao mesmo tempo o planeta poderia sair da órbita? Algo tão inocente quanto um pulo poderia nos matar.
A Terra tem o formato de uma porpeta. Porpeta é outra palavra engraçada. É a fragilidade da vida, etc. Vida. Macarrão tem gosto de vida. Não sei, vamos analisar isso mais a fundo. Platão disse que...

Diego Gianni

Última atualização em Qui, 10 de Novembro de 2011 11:25
 


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